A
história da alteração do nome do dia comemorativo, 19 de abril, para Dia dos
Povos Indígenas (que você pode
conhecer aqui) foi realizado por Joenia Wapichana no seu último
mandato como deputada federal. Apesar de não reeleita, agora inaugura a
presidência indígena da, também renomeada, Fundação Nacional dos Povos
Indígenas. É a primeira vez que uma mulher indígena ocupa o cargo máximo em 56
anos, isto é, desde a criação da Fundação.
Joenia Wapichana, uma
mulher coletiva
Joenia
Wapichana pertence ao povo Wapichana (RR). Foi a primeira mulher indígena
advogada do Brasil, também a primeira eleita como deputada federal pelo estado
de Roraima. Abriu caminhos para o que se sonha nas lutas políticas nativas: uma
bancada do cocar que possa frear a expropriação territorial e a depopulação em
curso dos povos originários.
Em entrevista
recente ao G1, Joenia reforçou seu compromisso com os povos
indígenas e endossou a máxima “Nada sobre nós, sem nós” ao manifestar o desejo
de autonomia. Suas palavras, que são nossas também, foram: “Não quero
interferência política. Questões indígenas tem que ser voltadas para os povos
indígenas”.
Indígena não significa
autóctone, nem aborígene
O
adjetivo pátrio “indígena” é definido por Daniel Munduruku como originário,
anterior às colonizações e ocupações não indígenas. O conceito está alinhado
com o direito originário, que reconhece a existência primeira de sociedades não
europeias neste (pluri)território, bem como com o conceito internacional de
“Povos Indígenas” que trata da “autodeterminação” assegurado na Convenção 169
da OIT e re-assegurado na Declaração Universal da ONU sobre os Direitos dos
Povos Indígenas.
Em
tempo, contesta a construção colonial do “índio genérico” forjado na
desumanização dos sujeitos e modos de vida nativos.
Importante
salientar que o termo indígena não se confunde com autóctone ou aborígene, pois
aparentemente sinônimos, o último refere-se à colonização de povos originários
na Austrália; e o primeiro, é empregado sobretudo para referir-se aos povos
colonizados no Canadá. Confundir a geopolítica dos conceitos, é igualar
contextos históricos coloniais assimétricos, e criar mais uma barreira para o
reconhecimento dos nomes próprios dos povos originários em cada respectivo
Estado-nação.
Nossos tempos
A
Medida Provisória que renomeia a FUNAI é a MP n. 1.154 de 1 de janeiro de 2023,
substituindo a nomeação feita na Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, que
criou a Fundação.
Para
nós indígenas que nos sentimos representados pela Joenia, e agora pela
instituição, recomendamos seguir o perfil do Instagram e acompanhar as
transformações indígenas que temos a esperança de que virão.
Fonte: https://www.geledes.org.br/indio-nao-indigena-funai-agora-e-fundacao-nacional-dos-povos-indigenas/.
Acesso em 07/01/2023
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