O nascimento de Jesus
O
Natal - que para os cristãos marca o nascimento de Jesus, o filho de Deus - é
celebrado em 25 de dezembro ou 7 de de janeiro, no caso dos cristãos ortodoxos.
A
natividade é descrita no Novo Testamento da Bíblia, mas os evangelhos de Mateus
e Lucas dão versões diferentes para o evento.
Ambas
narrativas dizem que Jesus nasceu de Maria, noiva de José, um carpinteiro. Os
evangelhos afirmam que Maria era virgem quando engravidou.
No relato de Lucas, Maria foi visitada por um anjo
trazendo a mensagem de que ela daria à luz o filho de Deus. Já a versão de
Mateus afirma que José foi visitado por um anjo que o persuadiu a casar com
Maria em vez de dispensá-la ou expor a origem de sua gravidez.
Mateus fala também de um grupo de
sábios (os reis magos) que seguiram uma estrela até chegar ao local de
nascimento de Jesus, para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Lucas, por
sua vez, conta que pastores foram guiados por um anjo até Belém.
Segundo a tradição, José e Maria
viajaram pouco antes do nascimento de Jesus. José havia sido ordenado a participar
de um censo em sua cidade natal, Belém.
Todos os judeus tinham de ser
contabilizados, para que o Império Romano pudesse determinar o quanto
recolheria deles em impostos. Os que haviam se mudado de Belém, como José,
tinham de regressar para serem registrados.
José e Maria enfrentaram a longa
e árdua viagem de 150 km a partir de Nazaré, pelo vale do rio Jordão, passando
por Jerusalém até chegar a Belém. Maria viajou sobre uma mula, para guardar
energia para o parto.
Mas, ao chegarem a Belém,
souberam que a hospedaria local estava repleta. O dono do local os deixou
permanecer em uma caverna rochosa sob a casa, usada como um estábulo.
Foi ali, próximo ao barulho e à sujeira dos animais, que Maria deu à luz seu bebê e colocou-o na manjedoura.
O primeiro Natal
Os evangelhos não mencionam a
data do nascimento de Jesus. Foi só no século 4 que o papa Júlio 1º estabeleceu
o dia 25 de dezembro como o dia de Natal. Era uma tentativa de cristianizar as
celebrações pagãs que já eram realizadas nessa época do ano.
No ano de 529, o 25 de dezembro já havia se firmado
como um feriado e, em 567, os 12 dias entre o 25 de Dezembro e o Dia de Reis -
considerado o dia em que os reis magos chegaram até Jesus - eram feriados
públicos.
O Natal não é apenas uma festa cristã. A celebração tem raízes no feriado judaico de Hanuká (festa de luzes celebrada ao longo de oito dias), nos festivais dos gregos antigos, nas crenças dos druidas (sacerdotes celtas) e nos costumes folclóricos europeus.
Celebração invernal e histórica
No hemisfério Norte, o Natal é uma festa invernal,
próximo ao período do solstício de inverno - depois desse período, a luz do sol
aumenta e os dias começam, gradativamente, a serem mais longos. Ao longo da
história, essa já era uma época de festividades.
Nossos antepassados caçadores
passavam a maior parte do tempo em ambientes externos. Portanto, as estações do
ano e o clima tinham uma importância enorme em suas vidas, a ponto de eles
reverenciarem o sol. Povos do norte europeu viam o sol como uma roda que mudava
as estações, por exemplo.
Os romanos também tinham seu
festival para marcar o solstício de inverno: a Saturnália (dedicado ao deus
Saturno) durava sete dias, a partir de 17 de dezembro. Era um período em que as
regras do cotidiano viravam de ponta-cabeça. Homens se vestiam de mulher, e
patrões se fantasiavam de servos. O festival também envolvia procissões,
decorações nas casas, velas acesas e distribuição de presentes.
O azevinho, arbusto típico usado
hoje nas guirlandas, é um dos símbolos mais associados ao Natal - por ter sido
transformado pela Igreja no símbolo da coroa de espinhos de Jesus. Segundo uma
lenda, galhos de azevinho foram trançados em uma dolorosa coroa e colocados na
cabeça de Cristo por soldados romanos para zombá-lo: "Salve o rei dos
judeus".
Diz a crença que as frutas do
azevinho eram brancas, mas foram tingidas de vermelho permanentemente pelo
sangue do messias cristão.
Outra lenda diz respeito a um pequeno órfão que vivia
com os pastores quando os anjos vieram anunciar o nascimento de Jesus. O menino
trançou uma coroa de azevinhos para a cabeça do bebê recém-nascido. Mas, ao
oferecê-la, ficou envergonhado de seu presente e começou a chorar.
O bebê Jesus tocou a coroa, que
começou a brilhar, fazendo as lágrimas do órfão se transformarem em frutinhas
vermelhas.
Mas o significado religioso do
azevinho precede o cristianismo: o arbusto era associado inicialmente ao deus
Sol e considerado importante nos costumes pagãos. Algumas religiões antigas
usavam o azevinho para proteção, e as portas e janelas eram decoradas com suas
folhas para proteger as casas de espíritos ruins.
Do ponto de vista histórico, o
Natal sempre foi uma curiosa combinação de tradições cristãs, pagãs e
folclóricas. Se voltarmos no tempo para 389 d.C., são Gregório Nazianzeno (um
dos quatro patriarcas da Igreja Grega) advertiu contra "os excessos nas
festividades, nas danças e decorações nas portas". Nessa época, a Igreja
já tinha dificuldades em eliminar os traços pagãos dos festivais de inverno.
Na Era Medieval (cerca de 400
d.C. a 1400 d.C.), o Natal já era conhecido como um período de banquetes e
diversões. Era um festival predominantemente secular, mas continha alguns
elementos religiosos.
O Natal medieval durava 12 dias,
entre o dia 24 de dezembro ao dia 6 de janeiro - dia da "Epifania do
Senhor". Epifania vem da palavra grega que significa aparição, em
referência ao momento em que Jesus foi revelado ao mundo. Até os anos 1800, a
Epifania era uma celebração tão grande quanto a do Natal.
Ao longo da história, a Igreja tentou restringir as celebrações pagãs e dar um sentido cristão a costumes populares. Os cânticos natalinos, por exemplo, eram originalmente músicas para comemorar colheitas ou a metade do verão, até serem incorporadas pelos religiosos. Elas se tornaram uma tradição natalina no final do período medieval.
Proibições ao Natal
Até o século 19, a data não era
uma celebração familiar – era comum as pessoas beberam e saírem comemorando
pelas ruas. A festa costumava ser tão efusiva que de meados do século 17 até o
início do século 18, as puritanos cristãos suprimiram as festas natalinas na
Europa e no continente americano.
O movimento puritano havia começado
durante o reinado da rainha britânica Elizabeth 1ª (1558-1603) e se baseava em
severos códigos de conduta moral, muita oração e em uma interpretação rígida
das escrituras do Novo Testamento.
Como a data do nascimento de Cristo não consta dos evangelhos, os puritanos acreditavam que o Natal era muito relacionado aos festivais pagãos romanos e se opunham a sua celebração, sobretudo ao seu aspecto festivo, regado a comida e bebida, como herança da Saturnália.
A representação da natividade
A contação de histórias se tornou
uma parte importante da cristianização do Natal, por exemplo por intermédio do
presépio, como uma representação do estábulo onde Jesus nasceu.
A tradição de montar presépios é
antiga: já em 400 d.C., o papa Sisto 3º ordenou que um fosse construído em
Roma. No século 18, em muitas partes da Europa, a montagem de presépios era
considerada uma forma importante de artesanato.
Peças de natividade também eram
apresentadas em igrejas, com a intenção de ilustrar a história natalina contada
pela Bíblia.
Celebração moderna
O Advento é um período de
preparação das comemorações do nascimento de Jesus e começa no domingo mais
próximo ao dia 30 de novembro. A palavra vem do latim adventus, ou chegada. Tradicionalmente, é uma época de
penitência, mas não mais tão rígida quanto a Quaresma, uma vez que os cristãos
não fazem mais jejum nesse período.
Guirlandas do Advento são populares na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo em igrejas. Elas são feitas com galhos de pinheiros e quatro velas - uma para cada domingo do Advento.
Papai Noel
Uma parte importante do Natal
moderno é o mito do Papai Noel ou Pai Natal, cuja origem remonta a tradições
cristãs e europeias. Mas a imagem dele como a conhecemos hoje foi popularizada
por fabricantes de cartões natalinos americanos no século 19.
Tradicionalmente, o Pai Natal
visita as casas à meia-noite da véspera de Natal, descendo pela chaminé para
entregar os presentes, colocando-os dentro das meias que as crianças deixam
penduradas.
Algumas tradições ao redor do Pai Natal também
precedem o cristianismo. Seu trenó, puxado por renas, vem da mitologia
escandinava. A prática de deixar tortas e leite ou conhaque para o Papai Noel
pode ser remanescente de sacrifícios pagãos que marcavam a chegada da
primavera.
Nos Estados Unidos, a figura do
Santa Claus tem seu nome derivado de São Nicolau, que, segundo a tradição,
costumava entregar anonimamente sacos de ouro para um homem que não tinha
dinheiro para pagar o dote de casamento de sua filha.
Algumas versões da história afirmam que o santo jogava as sacolas de ouro pela chaminé.
O Natal hoje
O Dia de Natal é a festa cristã
mais celebrada pelas pessoas que não frequentam igrejas, e estas, ao mesmo
tempo, costumam ficar repletas para a missa natalina.
No entanto, para muitas pessoas,
o Natal hoje se tornou uma festa secular, centrada na reunião familiar e na
troca de presentes.
Se em séculos passados a Igreja
temia a influência pagã sobre a festa cristã, as preocupações atuais são o
consumismo e os excessos que marcam as festas de fim de ano.
Fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42404714.
Acesso em 23/12/2022.
1 Comentários
e formações boas do blogger valeu
professor Borges