BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: EU NEGR@, MULHER PRETA?! FOI O TEMA DO EVENTO DA CONSCIÊNCIA NEGRA 2022 NO CEPES

 

Por: professora Diana Souza Santos.

“Enquanto os leões não começarem a escrever sua própria história. A história contada será sempre a dos caçadores”. Este provérbio africano nos leva a uma importante reflexão acerca da importância de repararmos séculos de uma história mal contada reescrevendo-a todos os dias, agora, a partir de nosso olhar enquanto povo negro. Foi nessa perspectiva que no último dia 18 de novembro o Colégio Estadual Professor Edgard Santos - CEPES, localizado na cidade de Governador Mangabeira, realizou uma atividade em alusão ao dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra, refletindo a cerca do tema: BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: EU NEGR@, MULHER PRETA?!   

Buscando abrir um debate acerca da identidade negra nesses 200 anos de “independência”, a proposta teve por objetivo possibilitar que nossos estudantes fossem provocados a pensar, a partir das temáticas abordadas, qual o lugar que eles (as) ocupam em nossa sociedade, como  se percebem enquanto jovens negros(as) mangabeirenses, baianos, nordestinos e brasileiros(as), com vistas não a discutir apenas as mazelas, as desigualdades e o racismo, mas de pensar também os mecanismos para fortalecimento coletivo, autoafirmação, construção ou reconstrução da identidade negra a partir de um referencial positivo, o que vai na contramão de um pensamento hegemônico que foi forjado no passado mas que ainda encontra ecos nos dias atuais.

Marcada pela presença de mulheres conduzindo, majoritariamente, as atividades, a abertura do evento foi realizada pela aluna Camille da Silveira, aluna do 1º ano do CEPES, declamando um poema autoral que exaltou toda a força e resistência de mulheres negras incluindo a sua mãe.

A aluna do IF Baiano, Julia Barros, juntamente com a professora Valdicinéia Aragão, dialogaram sobre o processo de produção e escrita do livro “A Menina dos Cachos”, “uma história leve e verdadeira de como lidar com o preconceito”. Cabe ressaltar que este livreto foi escrito a várias mãos e as demais autoras são alunas do 1º ano CEPES atualmente, são elas: Graziele Sales, Liliane Santana, Saadia Cunha, Jéssica França e Mariana da Cunha.

Partindo de suas experiências pessoais no processo de construção de uma identidade negra livre das amarras do eurocentrismo, patriarcalismo e de todo o negativismo que a história mal contada de nossos ancestrais causou a muitos de nós, a professora Ma. Kátia Maria Pereira Barbosa, autora do livro “Cabelo ruim? Que mal ele te fez?, abordou diversos conceitos pertinentes dentro da perspectiva de uma educação antirracista, principalmente no que se refere a concepção do cabelo crespo como empoderamento para estudantes da educação básica.

A professora Ma. Silvia Karla Almeida, docente da UNIMAM, concluiu as discussões do dia refletindo sobre os marcadores raciais no Brasil, a importância das políticas de ações afirmativas, sobretudo as cotas raciais e a necessidade de fortalecimento coletivo que vai desde engajamento nas redes sociais até a aquisição de itens produzidos e comercializados por negros e negras.

A apresentação cultural ficou a cargo do grupo de Dança ABW CREW, da cidade de Cachoeira. Trata-se de um projeto social que transforma vidas de jovens periféricos através do Hip Hop, propiciando o aprofundamento acerca da cultura negra, militância e resistência por meio da arte, além de elevar a autoestima desses jovens que se percebem sujeitos de sua própria história enquanto representantes de uma herança cultural riquíssima.

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