Por: professora Diana Souza Santos.
“Enquanto os leões não
começarem a escrever sua própria história. A história contada será sempre a dos
caçadores”. Este provérbio africano nos leva a uma importante reflexão acerca
da importância de repararmos séculos de uma história mal contada reescrevendo-a
todos os dias, agora, a partir de nosso olhar enquanto povo negro. Foi nessa
perspectiva que no último dia 18 de novembro o Colégio Estadual Professor Edgard Santos - CEPES, localizado na
cidade de Governador Mangabeira, realizou uma atividade em alusão ao dia 20 de
novembro – Dia da Consciência Negra, refletindo a cerca do tema: BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: EU NEGR@,
MULHER PRETA?!
Buscando abrir um
debate acerca da identidade negra nesses 200 anos de “independência”, a
proposta teve por objetivo possibilitar que nossos estudantes fossem provocados
a pensar, a partir das temáticas abordadas, qual o lugar que eles (as) ocupam
em nossa sociedade, como se percebem
enquanto jovens negros(as) mangabeirenses, baianos, nordestinos e brasileiros(as),
com vistas não a discutir apenas as mazelas, as desigualdades e o racismo, mas
de pensar também os mecanismos para fortalecimento coletivo, autoafirmação,
construção ou reconstrução da identidade negra a partir de um referencial
positivo, o que vai na contramão de um pensamento hegemônico que foi forjado no
passado mas que ainda encontra ecos nos dias atuais.
Marcada pela presença
de mulheres conduzindo, majoritariamente, as atividades, a abertura do evento
foi realizada pela aluna Camille da Silveira, aluna do 1º ano do CEPES,
declamando um poema autoral que exaltou toda a força e resistência de mulheres
negras incluindo a sua mãe.
A aluna do IF Baiano,
Julia Barros, juntamente com a professora Valdicinéia Aragão, dialogaram sobre
o processo de produção e escrita do livro “A Menina dos Cachos”, “uma história
leve e verdadeira de como lidar com o preconceito”. Cabe ressaltar que este
livreto foi escrito a várias mãos e as demais autoras são alunas do 1º ano
CEPES atualmente, são elas: Graziele Sales, Liliane Santana, Saadia Cunha, Jéssica
França e Mariana da Cunha.
Partindo de suas
experiências pessoais no processo de construção de uma identidade negra livre
das amarras do eurocentrismo, patriarcalismo e de todo o negativismo que a
história mal contada de nossos ancestrais causou a muitos de nós, a professora
Ma. Kátia Maria Pereira Barbosa,
autora do livro “Cabelo ruim? Que mal
ele te fez?, abordou diversos conceitos pertinentes dentro da perspectiva
de uma educação antirracista, principalmente no que se refere a concepção do
cabelo crespo como empoderamento para estudantes da educação básica.
A professora Ma. Silvia Karla Almeida, docente da UNIMAM,
concluiu as discussões do dia refletindo sobre os marcadores raciais no Brasil,
a importância das políticas de ações afirmativas, sobretudo as cotas raciais e
a necessidade de fortalecimento coletivo que vai desde engajamento nas redes
sociais até a aquisição de itens produzidos e comercializados por negros e
negras.
A apresentação
cultural ficou a cargo do grupo de Dança ABW
CREW, da cidade de Cachoeira. Trata-se de um projeto social que transforma
vidas de jovens periféricos através do Hip Hop, propiciando o aprofundamento
acerca da cultura negra, militância e resistência por meio da arte, além de
elevar a autoestima desses jovens que se percebem sujeitos de sua própria
história enquanto representantes de uma herança cultural riquíssima.
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