A
indignação do garoto de 15 anos começou na noite do domingo passado. assim que
saiu o resultado da eleição presidencial, ele recebeu um alerta no celular.
Tinha acabado de ser adicionado a um grupo: Fundação Antipetismo.
A escola é
o colégio Visconde de Porto Seguro, um dos mais tradicionais de São
Paulo. Antonio e os outros adolescentes do grupo estudam na unidade
de Valinhos, a 90 quilômetros da capital. A mensalidade custa até
R$ 4 mil.
A
instituição, fundada por imigrantes alemães no final do século XIX, tem
currículo internacional, com aulas em português, inglês, alemão e espanhol.
“Eu
comecei a ver as mensagens do grupo e eu achei mensagens nazistas, mensagens
racistas, machistas. Todo tipo de preconceito tinha lá”, denuncia Antonio.
Alguém
no grupo se apresenta: "Neonazistas do Porto", com um emoji
apaixonado. Outra pessoa responde: "antipetistas".
“Por
eu ser preto, ao ler mensagens assim, eu me sinto atingido diretamente. Quando
eles fazem menções ao nazismo, isso também ataca a minha raça, porque o que
aconteceu no nazismo foi um ataque não só judeus, mas a diversos grupos
sociais, tanto negros quanto mulheres”, relata o estudante.
No
mesmo dia em que Antônio falou com a direção, os colegas organizaram um ato
dentro da escola xingando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O
comportamento dos colegas fez Antônio protestar no refeitório da escola.
“Só
do fato de eu ser um dos poucos negros em uma escola repleta de brancos, eu
precisava criar essa consciência para poder viver nesse ambiente. Um negro no
meio de muitos brancos, um negro com dinheiro”, afirma.
O caso
foi revelado pelo site “Ponte jornalismo”. Na sexta-feira passada (4), o
colégio Visconde de Porto Seguro expulsou oito alunos responsáveis pela criação
do grupo. O colégio afirma combater todas as intolerâncias e que o protesto
contra Lula foi dissipado em três minutos. O advogado que representa os
estudantes expulsos contesta a decisão da escola.
"Eu
aceito as desculpas. Eu não sinto ódio nem raiva de ninguém. Eu luto pela
justiça, não estou lutando pelo ódio. Eu luto pelo amor", diz.
Disponível
em: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/11/06/ataques-de-odio-em-escolas-estudante-negro-de-colegio-tradicional-de-sp-denuncia-postagens-racistas-luto-pela-justica-luto-pelo-amor-diz.ghtml.
Acesso em 07/11/2022.
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