A
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e religiosos alertam para o
aumento da intolerância.
Bolsonaristas
vaiaram o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, durante a homilia.
Ele disse que o Brasil precisava vencer muitos dragões, como o ódio, da fome e
do desemprego. O padre Camilo Junior elogiou na ocasião os fiéis que haviam ido
a Aparecida: "Hoje não é dia de pedir voto; é dia de pedir bênção". Bolsonaro visitava o Santuário
de Aparecida na ocasião.
Padre se retira das redes até o fim das
eleições
Também
em 12 de outubro, depois da confusão de bolsonaristas em Aparecida, padre
Zezinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, de Minas Gerais, disse em
uma rede social que não se manifestaria mais até depois das eleições.
"Depois das ofensas de hoje contra o Papa, contra os bispos, contra mim,
com calúnias e palavras de baixo calão, estou fechando esta página até dia 31
de outubro (...) Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que
sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã".
Zezinho é um cantor religioso e inspiração para padres como Marcelo Rossi e
Fábio de Melo. "O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais
que preferiram o seu partido polÃtico ao catecismo católico", escreveu.
Padre interrompido no Paraná ao citar
Bolsonaristas
hostilizaram um padre que celebrava uma missa em Fazenda Rio Grande, na região
metropolitana de Curitiba. Ele havia dito: "O Deus da vida nunca vai estar
do lado que vai pregar o armamentismo" e sugeriu enfrentar "todos os
dragões que insistem em devorar o projeto de Deus". O armamento da
população é bandeira de Jair Bolsonaro. Então, o padre foi perguntado por
bolsonaristas se pregava voto em Lula e era a favor do aborto --temas que não
havia mencionado na homilia.
Missa interrompida em JacareÃ
Uma a mulher interrompeu uma missa e discutiu com um padre em
JacareÃ, no interior de São Paulo. Um vÃdeo gravado por fiéis mostra a mulher
discutindo com o padre na paróquia usando expressões bolsonaristas --como
"esquerdista" e "ideologia de gênero". O padre havia
mencionado na homilia a vereadora Marielle Franco, do PSOL,
assassinada em 2018 em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas.
"O senhor não vai falar de Marielle Franco dentro
da casa de Deus. O senhor não vai falar de Marielle Franco, uma homossexual,
uma envolvida com o tráfico de drogas, o senhor não vai falar de Marielle
Franco dentro da casa de Deus. Uma esquerdista do PSOL, uma homossexual, que
quer a ideologia de gênero dentro da escola das crianças", disse a mulher,
segundo o jornal O Globo.
Cardeal chamado de 'comunista'
Na mesma data, dom Odilo Scherer, cardeal e arcebispo
metropolitano de São Paulo, foi chamado de "comunista" por usar
roupas vermelhas --norma da Igreja Católica para cardeais como ele.
Foi também acusado de apoiar o aborto, o que é repudiado pela igreja. Dom Odilo
também foi associado ao ex-presidente Lula (PT) e a uma suposta “ditadura da
esquerda”.
"Sou a
favor da famÃlia, contra o aborto e toda violência contra a pessoa; não aprovo
comunismo nem o fascismo; sou a favor da moral dos mandamentos de Deus. Estou
em comunhão com o Papa…”, disse o cardeal sobre suas crenças.
"Tempos
estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me
reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente
o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!”, afirmou.
'Falta de respeito e sensibilidade'
À
GloboNews nesta terça (18), o vice-presidente da CNBB, citando a hostilidade
aos religiosos em Aparecida (SP), disse que a agressão verbal é falta de
respeito com Dom Orlando Brandes, arcebispo do Santuário, e com o próprio
Santuário Nacional de Aparecida. "Não é lugar para manifestações desse
tipo", afirmou. Ao jornal O Estado de S.Paulo, na segunda-feira (17), ele
afirmou que a fé dos católicos não pode ser "manipulada" para
"fins espúrios" durante as eleições.
Em 11 de outubro, a CNBB divulgou nota
lamentando o que chamou de "intensificação da exploração da fé e da
religião como caminho para angariar votos no segundo turno" das eleições
deste ano. No texto, a entidade afirma que "momentos
especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para
apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados à s
eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lamenta e
reprova tais ações e comportamentos".
A nota não cita candidatos nem situações especÃficas.
O ex-presidente Lula (PT), candidato à Presidência, disse em encontro com católicos nesta semana que padres e religiosos têm sido atacados no Brasil porque estão "falando da fome, da pobreza e da democracia".
Fonte:
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/noticia/2022/10/18/bolsonaristas-interrompem-missas-e-ofendem-padres-religiosos-veem-falta-de-respeito.ghtml.
Acesso em 19/10/2022.
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