O Movimento Raiz da
Liberdade e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) foram à
biblioteca com faixas e bandeiras para afirmar que não aceitarão a ocupação de
espaços públicos por “gente fascista que só quer disseminar ódio e preconceito”.
Na terça-feira (2),
Wilho da Silva Brito, 39, foi preso após uma série de afirmações
racistas e homofóbicas na biblioteca. Os ataques foram registrados em
vídeo que circula nas redes sociais. O Tribunal de Justiça de São Paulo
converteu a prisão do homem em preventiva e ele deve ser encaminhado para um
CDP (Centro de Detenção Provisória).
Wilho estava com os
livros “Minha Luta”, de Adolf Hitler, e “Uma Breve História do Tempo”,
de Stephen Hawking.
Na manifestação desta
quarta, integrantes dos movimentos sociais leram páginas de livros como “O
Alienista”, de Machado de Assis, e “Não Culpe sua Mãe”, de Paula Caplan.
Nas escadarias da
biblioteca, os ativistas afirmaram, em jogral, que a biblioteca é um espaço de
cultura, aprendizado e conhecimento e não de estupidez.
“O objetivo do ato foi
mostrar que um espaço de cultura e conhecimento não é espaço para racismo e
lgbtfobia. Não iremos nos calar. Basta de discurso de ódio e da naturalização
do absurdo”, disse Ediane Maria, coordenadora dos dois movimentos.
Segundo a Prefeitura
de São Paulo, responsável pela biblioteca, o acusado já havia causado outros
problemas no local.
Por meio de nota, a
Secretaria Municipal de Cultura repudiou as falas e as atitudes “nazistas,
homofóbicas e racistas”. Segundo a nota, “o espaço é marcado pelo respeito às
diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela celebração da
diversidade”.
Ainda de acordo com a
prefeitura, as equipes da biblioteca e de outros equipamentos culturais da
cidade têm passado por treinamentos para lidar com atitudes
racistas, transfóbicas e misóginas. Há também um trabalho de
conscientização dos funcionários.
“A Prefeitura
esclarece que as pastas da Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania estão em
diálogo para tratar do caso”, finaliza a nota.
Disponível
em: https://www.geledes.org.br/movimentos-sociais-fazem-protesto-em-biblioteca-apos-caso-de-racismo-em-sp/.
Acesso em 04/08/2022.
Entenda o caso
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem,
identificado pela polícia como Wilho da Silva Brito, de 39 anos, fazendo afirmações racistas e homofóbicas na Biblioteca
Mario de Andrade, no Centro da capital paulista.
Wilho repete várias vezes que “não gosta
de negro”. Uma testemunha, que faz as imagens, fala que ele estava sendo
racista, ao que Wilho repete que “não gosta de negro”.
Uma frequentadora da biblioteca intervém
e também diz que ele está sendo racista. Ele confirma e diz que é racista.
Durante a discussão, Brito também critica a população LGBTQIA+ e faz
comentários homofóbicos.
Wilho estudava na biblioteca na hora da confusão. Em cima da
mesa que ele usava é possível ver livros sobre o nazismo, entre eles um
exemplar de "Minha Luta" ("Mein Kampf"), de Adolf Hitler.
Em depoimento, funcionárias afirmaram que
Wilho é frequentador da biblioteca e já causou problemas várias vezes no local.
Segundo elas, ele estava incomodando os outros frequentadores com comentários
racistas. As testemunhas afirmam que ele chegou a fazer gestos nazistas e
ofensas às pessoas negras.
A Polícia Militar foi acionada, e o homem
foi preso em flagrante. Em depoimento, ele repetiu as ofensas contra pessoas
negras e homossexuais. O caso foi registrado como injúria racial e racismo.
Em nota, a Secretaria Municipal da
Cultura, que é responsável pela biblioteca Mário de Andrade, repudiou o fato.
"A Secretaria Municipal de Cultura, repudia veementemente as falas e
atitudes nazistas, homofóbicas e racistas do frequentador flagrado na tarde
desta terça-feira (02) na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), um espaço marcado
pelo respeito às diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela
celebração da diversidade."
"Após o ocorrido, o frequentador,
que já havia tido problemas anteriores no espaço, foi imediatamente levado para
a 77ª Delegacia de Polícia para registro de ocorrência. A Prefeitura ressalta
que racismo é crime inafiançável, pela Constituição Federal, lei n.º 7.716, de
5 de janeiro de 1989", diz a nota, que finaliza afirmando que "as
pastas da Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania estão em diálogo para
tratar do caso".
Também em nota, a Secretaria da Segurança
Pública (SSP), informou que "um homem, de 39 anos, foi preso em flagrante
após proferir injúrias, na tarde de terça-feira (02/08), por volta das 13h, na
Avenida São Luís, na República, região central da Capital" e que guardas
foram acionados para a ocorrência.
"O caso foi registrado como injúria
e preconceitos de raça ou de cor (praticar a discriminação) pelo 2º Distrito
Policial (Bom Retiro), onde ficou detido à disposição da Justiça", diz o
comunicado.
Disponível
em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/08/02/homem-e-detido-apos-fazer-ofensas-racistas-e-homofobicas-na-biblioteca-mario-de-andrade-no-centro-de-sp-veja-video.ghtml.
Acesso em 04/08/2022.
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