Trata-se do maior número de pessoas
vivendo abaixo da linha da pobreza desde 2015, quando o levantamento começou a
ser feito pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas
(FGV-Social).
É importante destacar que são considerados abaixo da linha pobreza aqueles que vivem com menos de R$ 210 por mês, o que os próprios autores do estudo consideram um valor insuficiente para atender as necessidades básicas.
“Tal linha, embora baixa para suprir
necessidades básicas, é usada como critério de elegibilidade a algum benefício
pelo Auxílio Brasil”, explicam Marcelo Neri e Marcos Hecksher na apresentação
do trabalho (acesse aqui a íntegra do estudo).
Política do improviso
O estudo também mostra que a
população mais pobre tem sofrido com a falta de uma política permanente e bem
estruturada de combate à miséria.
Quando se olha para as variações
mensais dos índices de pobreza ao longo de 2020 e 2021, percebe-se que os
brasileiros mais necessitados têm vivido numa verdadeira montanha russa, dizem
os dois especialistas.
Por exemplo, quando o Congresso
Nacional aprovou o auxílio emergencial de R$ 600 (contra a vontade do governo
Bolsonaro, que defendia um valor de R$ 200), o índice de pessoas abaixo da
linha da pobreza foi reduzido para apenas 3,9% em setembro de 2020.
Porém, o governo cortou o auxílio
pela metade e, no começo do ano passado, suspendeu o pagamento. Resultado: em
março de 2021, o índice de brasileiros abaixo da linha da pobreza chegou a
13,2%.
“Além de prosperidade e igualdade,
estabilidade é um atributo fundamental para o bem estar social. Tal como as
duas primeiras, (a estabilidade) se encontra em falta no caso brasileiro”,
escrevem Neri e Hecksher.
Caos continua em 2022
O levantamento do FGV Social não
analisa dados deste ano. Mas outros estudos recentes mostram que a falta de uma
política bem estruturada de combate à miséria continua massacrando os
brasileiros.
No fim de 2021, o governo Bolsonaro
acabou, ao mesmo tempo, com o Bolsa Família e o auxílio emergencial e colocou
no lugar o Auxílio Brasil. Ao fazer isso, abandonou, sem qualquer tipo de estudo para embasar a decisão, mais de 25
milhões de famílias que recebiam ajuda.
O resultado se observa hoje: o número de brasileiros passando fome chegou a 33 milhões. E a fila de pessoas que procuram os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) na esperança de receber o Auxílio Brasil só aumenta. Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, em abril passado, eram 5,3 milhões de pessoas na fila.
Disponível em: https://pt.org.br/brasil-ganha-72-milhoes-de-miseraveis-em-apenas-um-ano/. Acesso em 20/06/2022.
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