Analisando por classe social, a classe B teve a
maior proporção de discriminação: 66% do total, seguida pela classe C (63%),
classe D/E (61%) e classe A (53%).
A pesquisa também mostrou que 62% das mulheres
afirmaram que foram discriminadas no ambiente de trabalho. A maior proporção de
discriminação está nas classes A e B (67% e 69%, respectivamente). Dentro da
classe C, o total foi de 64% das entrevistadas, e na classe D/E, de 53%. Do
total, 40% das entrevistadas sentiram discriminação mais de uma vez.
O levantamento foi feito pela comunidade Potências
Negras em parceria com a Shopper Experience com 812 mulheres negras (61% pretas
e 39% pardas) entre os dias 23 de março e 4 de abril. Entre as pesquisadas, 79%
são das classes C e D/E e 21% são das classes A e B.
Dificuldades no mercado de trabalho
Segundo a pesquisa, 89% das entrevistadas já tiveram alguma dificuldade no mercado de trabalho. A falta de vagas e o preconceito lideram o ranking dos motivos.
Veja abaixo:
·
Escassez de vagas/poucas vagas: 28%
·
Preconceito racial: 21%
·
Falta de experiência: 19%
·
Condições econômicas e familiares (filhos/falta de
recurso): 16%
·
Falta de capacitação: 12%
·
Preconceito de gênero/machismo: 11%
·
Falta de reconhecimento: 10%
·
Preconceito com a idade: 8%
·
Preconceito com a aparência: 7%
·
Situação econômica do país: 5%
·
Relacionamento interpessoal: 4%
·
Desigualdade salarial: 2%.
Em relação à situação financeira, 57% das mulheres
se declararam como as principais responsáveis pela renda familiar – o índice
sobe para 62% entre as mulheres da classe B.
Ainda de acordo com a pesquisa, 7 entre cada 10 mulheres da classe D/E declararam ter pessoas desempregadas na família. O índice geral, no entanto, mostra que 51% das mulheres não têm pessoas desempregadas na família.
Impactos da pandemia
A pesquisa abordou ainda o reflexo da pandemia nas
finanças das mulheres responsáveis pela renda familiar – 52% disseram que
perderam o emprego ou mudaram de trabalho na pandemia.
Para 80% das entrevistadas, a pandemia afetou a
renda familiar – o índice chega a 89% dentro da classe D/E e a 82% na classe
C. Já nas classes A e B cai para 33% e 66%, respectivamente.
Ainda de acordo com a pesquisa, 65% das entrevistadas precisaram de algum auxilio durante a pandemia – índice chegou a 87% dentro da classe D/E e a 68% na classe C.
Veja com o que elas contaram:
·
Auxílio do governo (Bolsa Família/Auxilio
Emergencial/salário): 83%
·
Auxílio de familiares: 21%
· Auxílio de ONG/igrejas: 4%
Sônia Lesse, diretora de experiências na Profissas, empresa cocriadora do Potências Negras, explica que os resultados são mais uma constatação de que a desigualdade racial e de gênero estão presentes em todos os âmbitos da sociedade.
“SABEMOS QUE A LUTA PELA
EQUIDADE NÃO É DE HOJE E ESTÁ LONGE DE ACABAR. TRABALHAR A QUESTÃO DA RENDA DAS
MULHERES NEGRAS É LIDAR COM AS VULNERABILIDADES E AS VIOLÊNCIAS QUE ELAS
SOFREM, NOS CONTEXTOS FAMILIAR, SOCIAL E INSTITUCIONAL. NESSE SENTIDO, É
NECESSÁRIO UNIR ESFORÇOS DA SOCIEDADE PARA DISCUTIR ESSES PROBLEMAS E TRAÇAR
ESTRATÉGIAS EM MÉDIO E LONGO PRAZO, COM MEDIDAS QUE VÃO RESOLVER, DE FATO, O
ABISMO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO, PRINCIPALMENTE ENTRE AS MULHERES NEGRAS”.
Iniciativas de empreendedorismo
De acordo com a pesquisa, 63% das mulheres negras
entrevistadas já tentaram empreender. Entre as classes sociais, a maior
proporção está na A (93%), seguida da C (65%), B (63%) e D/E (57%).
Ainda de acordo com o levantamento, 65% das
entrevistadas que são responsáveis pela renda da família já tiveram alguma
iniciativa empreendedora.
Relação com a tecnologia
Questionadas sobre o trabalho na área de
tecnologia, somente 14% das entrevistadas trabalham com esse tipo de atividade.
Questionadas sobre como começaram, os relatos foram:
·
Comecei por acaso: 35%
·
Planejei trabalhar na área de tecnologia: 33%
·
Recebi oportunidade de migração para a área: 14%
· Decidi empreender na área: 12%
A maior parte não estuda na área (79%), mas tem
interesse (58%). Veja abaixo:
·
Estudei ou estou estudando: 21%
·
Não estudei e tenho interesse em estudar: 58%
·
Não estudei e não tenho interesse em estudar: 21%
Disponível em: https://www.geledes.org.br/63-das-mulheres-negras-ja-sofreram-preconceito-em-selecoes-de-emprego-mostra-pesquisa/. Acesso em: 03/06/2022.
0 Comentários