Gustavo Silva tem 17 anos. Ele sempre foi
muito tÃmido e disse que há anos sente alguns sintomas de ansiedade, mas
percebeu que durante a pandemia a situação piorou demais. E na volta
às aulas presenciais, este ano, se agravou ainda mais.
“O
nervosismo foi muito grande. Eu sentia muito enjoo, eu cheguei a vomitar, tive
muito mal-estar. Foi muito difÃcil no inÃcio”, conta Gustavo.
Na faixa de idade do Gustavo, de 15 a 19 anos, a pandemia teve
grande impacto na saúde mental. De acordo com a pesquisa do Unicef, mais da
metade desses jovens sentiu que precisou de ajuda. Esses adolescentes
foram perguntados para quem pediram ajuda: 42% disseram que não pediram ajuda,
e apenas 13% recorreram a um psicólogo ou psiquiatra.
O
Gustavo foi dos jovens que buscou acompanhamento de um médico, e ele disse que
agora a qualidade de vida dele mudou radicalmente.
“Minha
rotina está sendo mais fora do quarto. Antes, eu
ficava basicamente dentro do quarto. Esse convÃvio social fora de casa é muito
bom. Eu me sinto mais vivo, muito melhor.”, diz Gustavo.
Uma das
perguntas foi sobre a saúde mental de cada um depois da volta às atividades
presenciais. A grande maioria, 61%, disse que passa por dias bons e ruins; 26%
disseram estar bem; e 10 % disseram não estar nada bem. Quando a pergunta foi
sobre a sensação em relação aos últimos dias, 35% disseram estar ansiosos; 11%,
preocupados consigo mesmos; 9%, “indiferentes”; e 8%, “deprimidos”. Apenas 14%
disseram estar “felizes”.
A vice-diretora da escola do Gustavo
diz que o resultado da pesquisa é visÃvel no dia a dia da escola.
“Está sendo muito corriqueiro
essa questão da crise de ansiedade com os estudantes, independentemente da
série, da idade, da situação financeira e dos problemas que têm em casa, que
todos eles sempre tiveram. Às vezes, o que dispara é uma nota que não é
tão ideal, que ele achava que ia tirar. Ou às vezes só de vir para a escola já
está com a crise”, disse Tatiana Abreu.
A chefe do Departamento de Programas do
Unicef no Brasil, Gabriela Mora, destaca que a pandemia tornou ainda mais
explÃcitas as desigualdades sociais.
Ela lembrou que metade dos entrevistados não sabia nem a quem recorrer, e
reafirmou a importância das polÃticas públicas nessa área.
“Nessa área de saúde mental, a gente
tem um grande desafio, porque, por exemplo, os centros de atenção psicossocial
não estão disponÃveis em todos os municÃpios. Isso deveria ser uma questão
coberta pela atenção primária na saúde, mas não só a saúde deve ser
responsável”, afirma Gabriela.
O Ministério da Saúde afirmou que o SUS tem
serviços especializados em saúde mental para crianças e adolescentes. E
que, com a pandemia, a cobertura foi ampliada com atendimentos no formato
remoto.
Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/05/30/pesquisa-revela-o-impacto-emocional-da-pandemia-3-em-cada-10-jovens-entrevistados-relataram-sintomas-de-ansiedade.ghtml. Acesso em 30/05/2022.
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