Isso significa que praticamente 8 em cada 10 itens pesquisados ficaram mais caros.
Levantamento do Banco Modal, a partir da série histórica do IPCA-15, mostra que o
índice de difusão foi o maior já registrado para meses de abril e o mais
elevado para um mês desde fevereiro de 2003, quando ficou em
78,9%.
Em abril do ano
passado, estava em 61%. Em dezembro de 2021 ainda estava abaixo de 70% e, em
março deste ano, chegou a 75,5%.
Mais do que
refletir a escalada dos preços, o indicador revela que a inflação está mais
espalhada. "Um
índice de difusão maior representa que o processo inflacionário está mais
disseminado, dificultando o seu controle", explica Felipe Sichel,
estrategista-chefe do Banco Modal.
Ou seja, as
altas que eram mais pontuais ou concentradas em alguns grupos ou
"vilões" ganharam um efeito dominó e estão sendo transmitidas para o
conjunto geral de preços.
Dos 367 produtos e
serviços pesquisados pelo IBGE, 289 ficaram mais caros em
abril. Veja aqui a
inflação para cada um dos grandes grupos.
O resultado da
inflação oficial de abril será divulgado pelo IBGE no dia 11. Puxada pela alta dos combustíveis,
a prévia da inflação registrou a
maior alta para o mês desde 1995, com a taxa no acumulado em 12
meses chegando a 12%. Já são 8 meses seguidos com a inflação anual acima dois
dígitos.
ndices de difusão acima
de 75% costumam ser raros. O levantamento do Modal mostra que, desde o final de 1999, taxas
nesse patamar só foram registradas 11 vezes. O pico histórico foi registrado em
dezembro de 2002 (86,7%).
O especialista
André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) explica que a inflação tem se sustentado em
patamares mais elevados em meio aos choques provocados pela pandemia de
coronavírus e pela guerra na Ucrânia.
"O índice
está superalto, quase encostando em 80%. Acima de 70% é raramente visto. Isso
mostra o espalhamento das pressões inflacionárias. A inflação está bem
espalhada entre todos os segmentos de despesas", afirma Braz.
Inflação vai dar trégua?
O Itaú, por
exemplo, projeta IPCA de 1,01%
em abril, recuando para 0,29% em maio e passando para 0,46% em junho.
Apesar da
inflação persistente e mais espalhada, a expectativa dos analistas é
que ela apresente alguma desaceleração a partir dos próximos meses.
Entre os
fatores que devem contribuir para uma menor pressão inflacionária está o fim da bandeira tarifária
escassez hídrica e início de bandeira verde, o que tende a
baratear ao menos temporariamente o custo da energia elétrica e atenuar os
reajustes nas contas de luz.
"Outro
fator importante é que os preços dos combustíveis estão mais estáveis. A
gasolina e o diesel não estão no radar com tendência de alta. Isso vai fazer com
a que a participação deles na inflação também desacelere um pouco. Com isso, a
expectativa é que o índice de difusão também deve ceder um pouco", avalia
Braz.
Para tentar
frear a inflação, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros, que está
atualmente em 11,75% e deve subir novamente nesta semana. O mercado projeta a Selic
chegando a 13,25% ao ano no final de 2022.
"Mais do
que dizer se o índice de difusão subirá mais ou menos, pode-se dizer que o
índice de difusão tão elevado provavelmente indica que a inflação ficará pressionada pelos próximos meses",
alerta Sichel.
O mercado financeiro elevou para
7,89% a estimativa para a inflação fechada neste ano, de acordo com
a última pesquisa Focus do Banco Central. Foi a 16ª alta seguida no indicador.
No entanto, desde o ano passado, os analistas já preveem que a inflação fechará
pelo 2º ano seguido acima do teto da meta do governo, que tinha sido fixada em
3,5% para 2022.
Em 2021, o IPCA somou 10,06%,
o maior desde 2015.
Disponível
em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/05/04/inflacao-se-espalha-e-afeta-8-em-cada-10-itens-pesquisados-pelo-ibge.ghtml.
Acesso em 04/05/2022.
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