Com o título “O que é que a baiana diz? Enunciações de identidade e memória das baianas de acarajé”, Renata Dias faz uma análise cultural das narrativas autobiográficas de três baianas de acarajé de diferentes municípios: Dulce Mary (Salvador), Rosilene Santana (Vitória da Conquista) e Sueli Silva (Cachoeira). Em comum, as três guardam um vínculo profundo com os territórios onde nasceram e se criaram, critério que proporcionou à pesquisadora interrogar as bases da noção de baianidade.
Inédita no campo da Comunicação, a análise cultural
realizada se debruça sobre as narrativas destas baianas para apurar como elas
elaboram essa representação de si, revelando suas percepções de mundo. “O
imaginário que se projeta sobre estas sujeitas dá a entender que a sociedade as
valoriza, e não é isso que se enuncia nestas falas. Sustentar o cotidiano do
lugar de ‘ícone da cultura baiana’ é muito mais complexo do que imaginamos”,
diz Renata. Com isso, Renata quer destacar a oralidade enquanto processo de
comunicação que integraliza as narrativas sobre as experiências do cotidiano de
mulheres negras.
As falas autobiográficas das baianas entrevistadas
tiveram como foco suas trajetórias, e foram observadas a partir de uma
observação interseccional entre Gênero, Raça e Religiosidade. “Baianas
profundamente conectadas com seus lugares e que me instigaram a observar outro
enquadramento que não aquele do lugar tradicional. São muitos atravessamentos
possíveis entre essas histórias. A pesquisa se interessa pela análise do que
estas mulheres enunciam e em que medida o que elas falam revelam a incidência
dos mecanismos disciplinares do poder”, explica Renata Dias.
“O propósito da pesquisa é estimular os profissionais
da Comunicação e áreas afins, e que ocupam os diferentes níveis das estruturas
técnicas que tradicionalmente operam na difusão do discurso hegemônico – as
agências de publicidade, as redações dos jornais, a gestão pública, agência
política, as universidades – ao questionamento daquilo que parece essencial e
ampliar suas referências para a o desenvolvimento de conteúdos e programas que
falem sobre e para a mulher negra de maneira condizente com as suas realidades
cotidianas”, diz a pesquisadora.
Renata teve dentre as referências a bibliografia de
autoras como, Lélia Gonzalez, Grada Kilomba, Patricia Hill Collins, bell hooks, além de referências baianas,
como Milton Santos e Carla Akotirene. A dissertação teve
orientação da Profa. Dra. Daniela Matos. A Profa. Dra. Jussara Maia (UFRB) e o
Prof. Dr. Gerson de Sousa (UFU) irão compor a banca examinadora.
Sobre
Renata
Com 41 anos, Renata Dias é natural de Salvador,
graduada em Comunicação Social com Habilitação em Relações Públicas pela
Universidade Salvador, especialista em Marketing e mestranda em Comunicação na
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Reúne experiências
profissionais no âmbito da comunicação institucional e da gestão pública. Em
2017 assumiu a diretoria geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia,
autarquia vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult/BA) e responsável
pelo desenvolvimento de políticas públicas para as artes produzidas na Bahia.
A
pesquisa será apresentada via Zoom e poderá ser acompanhada por interessados,
que deverão solicitar link da transmissão no e-mail paulaprincipe@gmail.com.
SERVIÇO
O que: Comunicadora baiana apresenta estudo sobre
narrativas de baianas de acarajé
Quando: 23 de março (quarta-feira), às 9h
Onde: via Zoom (link deverá ser requisitado pelo
e-mail paulaprincipe@gmail.com)
Disponível
em: https://www.geledes.org.br/comunicadora-baiana-apresenta-estudo-sobre-narrativas-de-baianas-de-acaraje/.
Acesso em 19/03/2022.
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