Sem dúvidas, essa atitude
demonstra a falta de valorização do Poder Público local com a memória coletiva
do povo mangabeirense, e consequentemente a falta de políticas públicas voltadas
para a preservação da história, do patrimônio e símbolos culturais do município,
ato que se agravou com o plantio recente de uma outra planta no lugar da
histórica palmeira.
Vale destacar, que relatos de
forma pessoal, já foram apresentados a alguns agentes públicos municipais no sentido de replantar a palmeira,
enfatizando para esses agentes o valor histórico, simbólico e representativo
dessas árvores, mas, até então o replantio não foi realizado.
Fica o apelo a Prefeitura
Municipal por intermédio dos órgãos competentes, que possam realizar o mais
breve possível o replantio da palmeira, como forma de contribuir para a valorização
de um símbolo da história local, ressaltando que em 14 de março de 2022, nosso
município completa 60 anos de emancipação política, e as palmeiras têm uma
relação direta com esse fato histórico.
O apelo e sugestão se
estende ao poder hierárquico e aos seguidores da Igreja Católica no município,
no sentido de reivindicar tal ação junto a gestão municipal, visto que as palmeiras
e o templo católico central (Igreja Matriz), compõem uma simbiose de trajetória
histórica, além disso, documentos oficiais comprovam que o terreno da citada Praça
pertence a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
Também, se faz importânte a
participação da sociedade civil organizada, no sentido de reivindicar as
autoridades locais o replantio da palmeira, bem como contribuir para a
preservação das duas palmeiras que ainda existem, especialmente a mais velha
dela, que com sua imponente altura e de nomenclatura imperial, acompanhou a
trajetória de nossa cidade por mais de 100 anos.
Breve histórico sobre as
três palmeiras
No contexto histórico da
emancipação política da Vila de Cabeças (14 de março de 1962), as três
palmeiras chegaram a ser mencionadas pelos moradores para a denominação da nova
cidade, uma vez que o nome Cabeças tinha uma vinculação com algo trágico, porém
a sugestão do nome relacionado com as citadas árvores foi vencida por uma
homenagem ao ex governador da Bahia Otávio Mangabeira, passando o novo munícipio
a se chamar de Governador Mangabeira.
A importância das três
palmeiras, também está presente na letra no hino de nosso município, sendo os
autores Adilson Cruz (im memoriam) e Nalinaldo Mello: “Vários nomes foram
citados / Altinópolis, Betânia e Três Palmeiras / Mas te homenageamos com o
nome / Do saudoso Otávio Mangabeira”.
Por último, alertar as
autoridades municipais que existe um Projeto de Lei (Nº 03/2010), de autoria do
então vereador Luís Carlos Borges da Silva, relacionado a importância história
e preservação das aludidas palmeiras. A seguir constam alguns artigos do
referido Projeto, aprovado em 01 de fevereiro de 2010 pela Câmara Municipal.
Artigo 1º - Ficam
transformadas em Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural as palmeiras
existentes na Praça Castro Alves de nosso município.
Artigo 3º - Fica proibida a
partir da data de aprovação deste Projeto, a instalação de qualquer objeto no
tronco das palmeiras, e usar as mesmas para fins de propaganda e de interesse
comercial.
Artigo 5º - Fica o município,
através da Secretaria de Meio Ambiente, na incumbência de instalar placas
próximas as palmeiras, explicitando que as mesmas são reconhecidas como
Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural.
Por: Luís Carlos Borges da Silva
(Professor Borges) - Licenciado em História pela UEFS (Universidade
Estadual de Feira de Santana), especialista em História Regional pela UNEB
(Universidade do Estado da Bahia), especialista em História e Cultura
Afro-brasileira, Africana e Indígena pela FAMAM (Faculdade Maria Milza) e pela
UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), professor do Ensino Médio do
Colégio Estadual Professor Edgard Santos (CEPES) – Governador Mangabeira (BA) e
da Escola São Luís – Muritiba (BA). Autor da Monografia (UNEB, 2010) – A Vila e
o Coronel: poder local na Vila de Cabeças (1920 a 1962).
Fotos: arquivo particular de Luís Carlos Borges da Silva.
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Nossa história não pode ser esquecida !