O documento alerta que, para evitar a perda crescente de vidas,
biodiversidade e infraestrutura, é
necessária uma ação ambiciosa e acelerada para se
adaptar às mudanças climáticas, com cortes rápidos em emissões de gases de
efeitos estufa.
"Este relatório
é um alerta terrível sobre as consequências da inação”, declarou Hoesung Lee,
presidente do IPCC.
O relatório também pontua que, até agora, o progresso nessa
adaptação é desigual e ainda há lacunas entre as medidas adotadas e as que são
necessárias para lidar com os riscos das mudanças no clima.
“Isso mostra que a
mudança climática é uma ameaça grave e crescente ao nosso bem-estar e a um
planeta saudável. Nossas ações hoje moldarão como as pessoas se adaptam e
[como] a natureza responde aos crescentes riscos climáticos”, completou Lee.
Em agosto do ano
passado, um relatório do IPCC apontou
que a
ação humana era responsável por um aumento de 1,07ºC na temperatura do planeta.
A meta estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, era limitar o aquecimento
global a 2ºC, com esforços para que ele não ultrapasse os 1,5ºC.
Segundo o documento, as crianças de hoje, se ainda estiverem vivas
no ano de 2100, vão passar por quatro
vezes mais extremos climáticos do que passam agora –
mesmo se houver apenas mais alguns décimos de grau de aquecimento na
temperatura do planeta.
Já se as
temperaturas aumentarem por volta de 2ºC, elas verão cinco vezes mais
inundações, tempestades, secas e ondas de calor do que agora, alertam os
cientistas.
Com cada 0,1ºC de
aquecimento, mais pessoas morrem de estresse por calor, problemas cardíacos e
pulmonares por calor e poluição do ar, doenças infecciosas, doenças causadas
por mosquitos e fome, dizem os autores. Se o mundo aquecer apenas mais 0,9ºC a
partir de agora a quantidade de terra queimada por incêndios florestais em todo
o mundo aumentará em 35%.
Segundo o relatório, até 2050,
um bilhão de pessoas enfrentarão o risco de inundações costeiras devido à
elevação do nível do mar. Mais pessoas serão forçadas a
deixar suas casas devido a desastres climáticos, especialmente inundações,
aumento do nível do mar e ciclones tropicais.
“As mudanças climáticas
estão matando pessoas”, disse a coautora Helen Adams, do King’s College London.
“Sim, as coisas estão ruins, mas na verdade o futuro depende de nós, não do
clima.”
O relatório
lista perigos crescentes para pessoas, plantas, animais, ecossistemas e
economias – e destaca pessoas sendo deslocadas de suas casas, lugares se
tornando inabitáveis, número de espécies diminuindo, corais desaparecendo, gelo
derretendo e aumentando o nível do mar e oceanos cada vez mais ácidos e pobres
em oxigênio.
Segundo o
documento, pelo menos 3,3 bilhões de pessoas “são altamente vulneráveis às
mudanças climáticas” e 15 vezes mais propensas a morrer por condições
climáticas extremas.
"Este
relatório é uma luz vermelha piscando, um grande alarme para onde estamos hoje.
Pela primeira vez, o IPCC fala
explicitamente da preocupação com os impactos humanitários das mudanças
climáticas que já ocorrem hoje", declarou Maarten van Aalst, diretor do
Centro Climático da Cruz Vermelha Internacional e coordenador do relatório.
"Estamos
sendo confrontados com riscos crescentes de desastres em muitos lugares. Mas o
relatório também mostra que podemos fazer algo a respeito. Só precisamos
aumentar nossa ambição dramaticamente à luz do que este relatório está
mostrando que está vindo em nossa direção", disse.
Disponível
em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/02/28/novo-relatorio-do-ipcc.ghtml.
Acesso em 28/02/2022.
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