É uma palmeira de uso
múltiplo, existentes em solos profundo e arenosos ou argilosos. Nos locais de
sua ocorrência garante vida para pessoas e animais. Na paisagem, essa palmeira
fica verde durante todo ano, mesmo em períodos de estiagem prolongada.
Conforme os pesquisadores, o
licuri foi citado pela primeira vez de forma escrita no Tratado Descrito do
Brasil em 1589, por Gabriel Soares de Souza: “as principais palmeiras bravas
da Bahia são as que chamam ururucuri, que não são muito altas, e dão uns cachos
de cocos muito miúdos, aos quais se come o de fora, por ser brando e de
sofrível sabor...É mantimento muito sadio, sustentável e proveitoso aos que
andam pelo sertão, a que chamam farinha-de-pão” (CARVALHO, 2016, p.14).
O texto, enfatiza que o
licurizeiro faz parte da família Arecaceae, sendo um dos grupos de plantas mais
antigo da terra, com as maiores concentrações no estado da Bahia. Um licuri em
fase adulta, mede entre 3 a 10 metros de altura e de 15 a 25 cm de diâmetro. A
espécie apresenta flores e frutos durante o ano inteiro, porém é no período de
março a julho que apresentam maior quantidade de frutos.
Quanto ao fruto do Licuri,
os autores destacam que: ”é uma drupa ovóide (elipsóide), com polpa carnosa e
fibrosa, apresentando de 2,5 a 3 cm de comprimento. No período em que seu fruto
está verde, possui endosperma líquido que se torna sólido no processo de
amadurecimento. Quando maduro, sua coloração varia do amarelo-claro ao
alaranjado a depender da fase de maturação. Os frutos maduros têm polpa
amarela, pegajosa e adocicada, e as sementes quando secas, são de cor escura,
apresentando 49,2% de teor de lipídios e 11% de proteínas (Idem, p. 17).
Segundo os pesquisadores, o
licuri começa a frutificar seis anos após o plantio e um licurizeiro nativo
produz, anualmente, em média 2.000kg de frutos por hectare. Além de ser uma
palmeira ornamental, com forte potencial paisagístico, todas as partes do
licuri são utilizáveis. A partir das folhas é obtido o artesanato e uma
diversidade de utensílios, como sacolas, chapéus, vassouras e espanadores. As amêndoas
são consumidas in natura e também utilizada para a fabricação de diversos doces.
O manual, também revela que “embora
seja uma planta de uso múltiplo, observa-se um secular desprestígio dessa espécie
vegetal. A Instrução Normativa (IN 19/2008), proíbe o corte de licuri nas áreas
de sua ocorrência natural. Na Bahia está sua maior reserva, entretanto tem-se
observado sua retração devido à queimadas, desmatamento, sobrepastejo e
mecanização” (Idem, p. 41).
Os autores, ainda destacam
que em cada cacho do licuri são encontrados de 400 a 1400 frutos.
Potencialmente, um licurizeiro pode produzir aproximadamente 8 cachos. As suas amêndoas
são utilizadas na alimentação humana por ser muito rico em ferro, cálcio,
cobre, magnésio, zinco, manganês, sais minerais e betacaroteno, tornando-se
importante para a soberania alimentar e geração de renda para diversas
comunidades.
Na relevante narrativa dos
pesquisadores, aparecem as diversas atividades produtivas com os derivados do
licuri, como a produção de vários alimentos: “petiscos, granola, paçoca,
biscoitos, doces, tortas, cocada, licor, sorvete, moqueca de peixe e de ovos,
galinha e azeite. A Farinha é um dos melhores produtos derivados do licuri. Ela
é pura fibra; pode ser acrescentada em outros alimentos como cuscuz, farofa,
bolo, pães e paçoca” (Item, p. 69).
Ainda, os pesquisadores
enfatizam que, os saberes e práticas que perpassam essa expressão cultural com
foco no licuri, constitui-se um patrimônio biocultural essencial para que essas
populações idealizem e efetivem práticas de auto-gestão e manejo dos recursos
naturais de seus territórios, de modo que possam assegurar a conservação do
licuri para as gerações presentes e futuras, apoiadas em políticas públicas
governamentais que possam preservar/conservar esses saberes e práticas
ancestrais.
Por último, os autores
apresentam um conjunto de receitas envolvendo o uso do licuri na culinária, a
exemplo da cocada – “ingredientes: 2 xícaras de rapadura, 800 gramas de açúcar,
1 litro de licuri moído ou pisado e um copo de leite. Beiju de Licuri - Ingredientes: goma fresca, uma pitada de sal, licuri triturado e rapadura" (Idem, p. 82). Também, destacam
uma série de cantorias que estão relacionadas com as práticas e saberes do
licuri, como: “o licuri é um produto, de grande valor, serve para o gado, e
também para o agricultor. O licuri está sofrendo, vamos juntos ajudar, sem matar, nem desmatar, ajudando a preservar” (Item, p. 85).
Resumo do texto – Luís Carlos
Borges da Silva (professor Borges)
Referência
CARVALHO, Aurélio José
Antunes de. FERREIRA, Marco Harrison dos Santos e ALVES. Joseneide de Souza. Manual
do Licuri. Programa Conca: Sustentabilidade, Saberes e Sabores da Caatinga.
Salvador: Áttem Editora, 2016.
Também disponível em: https://issuu.com/xerofilas.cnpq/docs/manual_licuri_v13_epub.
Acesso 15/12/2021.
Origem das imagens - Google Imagens.
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