A Globo exibe o especial "70 Anos Esta Noite" na noite desta terça-feira (21), dia
da estreia de "Sua Vida me Pertence", escrita por Walter Forster, na
TV Tupi, em 1951.
Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Renata
Sorrah, Tony Ramos e Patrícia Pillar estão entre os atores que vão participar
do programa.
Afinal,
como esquecer a novela que gerou o clássico "Quem matou Odete
Roitman"?
"O texto maravilhoso e as
interpretações à altura foram as principais razões. Odete Roitman (Beatriz
Segall), Maria de Fátima (Gloria Pires) e Heleninha (Renata Sorrah) foram
alguns dos personagens ainda vivos na memória do público", justifica
Patrícia Kogut, colunista de televisão do jornal "O Globo" e da CBN.
Para
Cristina Padiglione, da "Folha de S.Paulo", e Nilson Xavier, do site
Teledramaturgia, a novela entra entre as três melhores pela atemporalidade do enredo.
"Como produto de entretenimento, ela
não envelhece nem na estética. A trama, criada a partir da questão proposta por
Gilberto Braga ("Vale a pena ser honesto no Brasil?") também não
envelhece, infelizmente, mas o caso é que ela encontra engajamento e interesse
do público sempre que é revisitada e por quaisquer gerações", explica
Padiglione.
Maurício
Stycer, do UOL, cita elementos que confirmam a força da novela:
"Personagens inesquecíveis, dramas memoráveis, um 'quem matou' histórico,
muito deboche e ironia sobre o que representa a elite brasileira".
Já Fefito, do BuzzFeed Brasil, diz que a
novela "captou a alma brasileira como poucas vezes antes na TV".
"Roque Santeiro", "Avenida
Brasil", "O Bem-Amado", "O Casarão" e "Beto
Rockfeller" também foram citadas entre as mais importantes pelos críticos.
Relembre histórias e veja justificativas abaixo.
A novela
estreou em junho de 1985 com Lima Duarte como Sinhozinho Malta, Regina Duarte
como Viúva Porcina e José Wilker como Roque Santeiro.
Uma primeira versão da novela, adaptada do
texto teatral 'O Berço do Herói', escrito por Dias Gomes, em 1963, foi
censurada pela ditadura militar dez anos antes. Quando finalmente estreou
"Roque Santeiro" foi um sucesso arrebatador.
Nilson Xavier destaca que a novela, assim
como as outras duas nas quais votou, têm todos os ingredientes de uma ótima
trama.
"Ótimos textos, direção, elenco e
produção, tramas bem conduzidas, histórias cativantes, que prenderam o público
do primeiro ao último capítulo, repletas de personagens carismáticos com os
quais o brasileiro pôde se identificar, torcer, amar e odiar", diz Xavier.
"Dias Gomes cria no microcosmo
de Asa Branca, pequena e fictícia cidade do interior, todos os tipos e intrigas
que deslumbram e iludem o brasileiro desde sempre, com opressores e
oprimidos".
"'Roque Santeiro' foi resultado
de uma feliz combinação de texto inspirado com elenco de talentos e boa
direção. Antes de uma novela estrear não há como prever que a química vai
funcionar tão bem. Só no ar. Isso aconteceu com Roque Santeiro, lembrada
até hoje por todos esses motivos", diz Kogut.
'Avenida
Brasil'
Única
novela do século XXI que entrou na lista dos críticos, "Avenida
Brasil" fez o país literalmente parar no último capítulo.
O texto de João Emanuel Carneiro ainda está
fresco na memória dos brasileiros com as maldades de Carminha (Adriana Esteves)
com a enteada Rita, que depois vira Nina (Mel Maia quando criança e Débora
Falabella quando adulta).
Para Kogut
e Padiglione, o contexto social da época foi um dos elementos importantes para
o sucesso da trama.
"Foi um exemplo de absoluta sintonia
com o momento que o país estava vivendo, o da ascensão da classe C. Os
personagens do subúrbio eram os protagonistas, com sua estética e
comportamento. Isso era mostrado sem caricatura", explica a crítica do
jornal "O Globo".
"A ousadia de bancar uma mocinha sem a
passividade das heroínas boazinhas é forte referência para as mocinhas que
viriam a seguir. O show de Adriana Esteves é peso fundamental para o potencial
da novela junto à audiência. Além disso, há a
desconstrução das vantagens da sempre edulcorada zona sul carioca (nas novelas,
de modo geral) em favor do valor do subúrbio, espelhando uma realidade muito
latente para o Brasil da época", acrescenta
Padiglione, da "Folha".
'O Bem Amado'
O Bem
Amado" tinha o ator Paulo Gracindo como o corrupto e demagogo Odorico
Paraguaçu na trama de Dias Gomes, de 1973.
A novela foi citada por Nilson Xavier pelo
fato de se manter atual mesmo décadas depois de ser exibida.
"Apesar das discrepâncias tecnológicas
e narrativas de sua época com a atualidade, ela consegue se manter atual e
dialogar com o Brasil de hoje", explica o crítico e autor do
"Almanaque da Telenovela Brasileira".
"Reconhecemos e identificamos nas
tramas e personagens de 'O Bem-Amado', o que vemos na nossa sociedade de
sempre. Raras
novelas conseguem esse feito".
'O Casarão'
A novela de Lauro César Muniz, de
1976, também teve que ser modificada pela censura da ditadura militar. Renata
Sorrah era Lina, uma personagem que traía o marido, tema proibido em novelas na
época.
Os atores Paulo Gracindo, Yara
Cortes, Gracindo Jr., Dennis Carvalho e Paulo José também estavam no elenco.
Maurício Stycer, do Uol, lembra de
ter ficado "impressionado" com duas novelas de Muniz na década de 70
ao justificar a escolha de "O Casarão".
"Primeiro, 'Escalada' (1975) e
depois esta. Nas duas, várias ousadias e surpresas. Pano de fundo político,
idas e vindas temporais, emoção, grandes atores, histórias sedutoras",
afirma.
"São novelas que consolidaram,
para mim, a ideia de que este formato tem possibilidades muito além do que
aparenta".
'Beto
Rockfeller'
O ator Luis Gustavo interpretou o
malandro Beto Rockfeller na novela de mesmo nome da TV Tupi, em 1968, que é
considerada um marco na teledramaturgia brasileira.
Por esse motivo que Maurício Stycer
votou em "Bete Rockfeller", mesmo sem ter assistido à trama. Débora
Duarte, Bete Mendes, Irene Ravache, Marília Pêra e Walter Forster estavam no
elenco.
"Mesmo sem ter assistido, é
consensualmente considerada a novela que 'abrasileirou' o melodrama".
"Ainda que tenham ocorrido
tentativas anteriores, é a história de Bráulio Pedroso, dirigida por Lima
Duarte e Walter Avancini, que confirma o caminho percorrido até hoje: tramas
contemporâneas, linguagem coloquial, interpretação natural".
Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/tv-e-series/noticia/2021/12/21/criticos-de-tv-elegem-melhores-novelas-de-todos-os-tempos-vale-tudo-e-unanimidade.ghtml.
Acesso em 21/12/2021.
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