Os
dois clubes se enfrentaram em Nova Mutum (MT) pela Copa Federação Mato Grossense de
Futebol. O time visitante venceu por 1 a 0 no estádio Valdir Wons.
Conforme
relatado na súmula da partida, Jacques Douglas da Silva foi chamado de
“negrinho vagabundo” pelo presidente Anir Siqueira.
“Ao
pedir uma bola para o juiz do jogo para o aquecimento dos atletas do União
Esporte Clube, o presidente do Nova Mutum Esporte Clube, que estava próximo,
passou a ofendê-lo, dizendo: ‘Negrinho vagabundo, aqui você não tem bola
nenhuma, não; e as bolas que você quer estão lá no campo; pode sair daqui, seu
negrinho”, aponta o boletim de ocorrência.
Além
do preparador físico, também consta na súmula da partida uma injúria racial
contra um dos atletas do União EC, Ruan Bahia. Ele teria sido chamado de
“macaco”, também por Anir Siqueira.
“Ressalto
que o presidente do Nova Mutum, Anir Siqueira, apresentava sinais de
embriaguez”, relatou o árbitro ao fim do jogo.
Natural
de Realeza (PR), Anir Siqueira tem 49 anos, é dono de restaurante no
Paraná e diretor da Cooperativa Brasil de Transportadores Rodoviários de
Cargas (Brcoop).
O
presidente do União EC, Reydner Souza, concedeu entrevista coletiva à imprensa
local após a partida.
“Foi
uma vitória triste”, definiu.
“Houve
muita ofensa racial. Esse dirigente precisa responder criminalmente por seus
atos. É uma vergonha, ainda mais no momento triste e difícil que o Brasil está
passando.”
O Brasil
de Fato tentou contato com o presidente do Nova Mutum EC,
mas não foi possível obter retorno até o fechamento do texto. O clube ainda não
se manifestou oficialmente sobre o caso.
Triste rotina
Conforme
levantamento do Observatório da
Discriminação Racial no Futebol, os casos de racismo no futebol
brasileiro cresceram 235% em seis anos.
Na
semana passada, dia 28, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol
(STJD) puniu o presidente do Fast Clube (AM), Denis Cabral de Albuquerque, por
discriminação contra uma integrante da arbitragem na partida contra o Penarol,
pela Série D.
Albuquerque
foi suspenso por 120 dias e terá que pagar multa de R$ 10 mil.
No
dia 29, houve outro caso de racismo, desta vez pela Série B. Um torcedor do
Cruzeiro (MG) foi filmado proferindo ofensas racistas contra um jogador do Remo
(PA), que havia acabado de marcar um dos gols da vitória por 3 a 1, fora de
casa. O Cruzeiro se posicionou imediatamente contra o racismo e em repúdio ao
torcedor.
No
domingo (31), pela Série A do Campeonato Brasileiro, um torcedor do Grêmio foi
flagrado fazendo um possível gesto racista para um rival do Palmeiras, após
derrota por 3 a 1 em Porto Alegre (RS).
O
caso de racismo no futebol com maior repercussão este ano aconteceu em Brusque
(SC), quando um dirigente local ofendeu o atleta Celsinho, do Londrina (PR),
pela Série B. O clube catarinense não se solidarizou e ainda culpabilizou
o adversário, que já havia sofrido injúrias raciais outras duas vezes no ano.
O
Brusque foi punido com a perda de três pontos no campeonato, e hoje luta contra
o rebaixamento à Série C.
Fonte: https://www.geledes.org.br/negrinho-e-macaco-presidente-de-clube-de-futebol-e-acusado-de-injuria-racial-em-jogo-em-mt/.
Acesso em 02/11/2021.
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