De acordo com o levantamento, o rendimento mensal médio real de
todas as fontes no país passou de R$ 2.292 em 2019 para R$ 2.213 - valor mais
baixo desde 2013, quando era estimado em R$ 2.250 (já descontada a inflação do
período). Este recuo corresponde a uma queda de 3,4%, a mais intensa da série
histórica da pesquisa iniciada em 2012.
A queda foi generalizada entre a maioria
das fontes que compõem a renda do brasileiro. O recuo mais intenso foi
observado entre as chamadas “outras fontes”, que incluem aposentadoria, pensão
e aluguéis.
As exceções foram observadas entre o rendimento habitualmente
recebido do trabalho, devido a um efeito estatístico, e entre os chamados
“outros rendimentos”, que registraram salto recorde devido ao auxílio
emergencial, criado pelo governo para socorrer a população mais vulnerável
diante da crise sanitária.
De acordo com
o IBGE, o rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos aumentou
na comparação com 2019 em razão da saída de 8,1 milhões de pessoas do mercado
de trabalho – a maioria delas recebia rendimentos mais baixos, contribuindo com
a elevação dessa média. Tanto que o rendimento efetivamente recebido de todos
os trabalhos teve queda no período.
Diferenças regionais
A queda no
rendimento médio mensal real de todas as fontes ocorreu na maioria das regiões
do país. No Sudeste (-4,7%) e no Sul (-4,3%) o recuo foi mais intenso que a
média nacional. No Centro-Oeste (-3,3%) ela foi equivalente à do país. A região
Norte, por sua vez, registrou estabilidade do indicador, enquanto no Nordeste
ele apresentou aumento de 1%.
O rendimento
médio proveniente de outras fontes, por sua vez, caiu em todas as grandes
regiões, tendo sido mais intensa que a média nacional no Centro-Oeste (-21%) e
no Sudeste (-19,6%). No Sul (13,2%), Norte (-8,7%) e Nordeste (-5,4%) o recuo
foi menos intenso.
Já o
rendimento médio habitual do trabalho também apresentou aumento regionalmente.
No Norte (4,5%) e Nordeste (7,6%) ele foi acima da média nacional, enquanto
Sudeste (2,8%) e Centro-Oeste (3,2%) registraram expansão levemente menor que a
geral do país. No Sul (0,3%), porém, ficou praticamente estável.
O impacto do
auxílio emergencial, por sua vez, impactou de maneira distinta a média dos
outros rendimentos entre as regiões do país. Norte e Nordeste tiveram ganhos
expressivos, de 47,8% e 55,0%, respectivamente, enquanto no Centro-Oeste o
aumento foi de apenas 0,6%. Já nas Regiões Sudeste e Sul esse tipo de
rendimento teve queda respectiva de 16,5% e 5,0%.
Desemprego recorde reduz peso da renda do trabalho
O desemprego recorde provocado
pela pandemia fez com que, em 2020, o país registrasse a
menor proporção de pessoas com renda proveniente do trabalho. O contingente de
brasileiros que tiveram rendimento efetivo do trabalho correspondeu a 38,7% da
população.
Antes, menor proporção de pessoas nesta
condição havia sido registrada em 2017, quando ficou em 42%. O recorde havia
sido registrado em 2014, quando correspondeu a 43,7% da população residente no
país.
Em contrapartida, a proporção de pessoas com renda proveniente de
outras fontes e de outros rendimentos bateu recorde. O aumento mais expressivo
ocorreu na proporção de pessoas com outros rendimentos que saltou de 7,8% em
2019 para 14,3% em 2020. Esse aumento ocorreu devido a abrangência do auxílio
emergencial no país.
"A
tendência de aumento do peso do rendimento de outras fontes e redução da
parcela correspondente ao rendimento do trabalho, observada entre 2019 e 2020,
ocorreu em todas as Grandes Regiões", destacou o IBGE.
Regionalmente,
a Região Sul permanecia com o maior percentual de pessoas com rendimento
habitualmente recebido de todos os trabalhos (46,0%). A Região Nordeste, por
outro lado, registrava o menor percentual de pessoas com rendimento recebido de
todos os trabalhos (32,3%) em 2020 e o maior percentual daquelas que recebiam
de outras fontes (32,8%).
Da mesma
forma, o desemprego provocou uma mudança na composição do rendimento domiciliar
per capita no país. O rendimento proveniente do trabalho perdeu peso no
orçamento das famílias brasileiras.
Em 2020, o
rendimento de todos os trabalhos compunha 72,8% do rendimento médio mensal real
domiciliar per capita, menor proporção da série histórica da pesquisa. Em
contrapartida, as proporções provenientes de outras fontes (27,2%) e de outros
rendimentos (7,2%) alcançaram o maior patamar da série.
“Houve uma
combinação de fatores. O mercado de trabalho sofreu bastante com a pandemia.
Por causa do distanciamento social, alguns setores que dependiam de
movimentação de pessoas, como o setor de serviços, foram ainda mais afetados. O
trabalho em si perdeu espaço. Isso explica a perda da participação do
rendimento de todos os trabalhos", apontou a analista do IBGE, Alessandra
Scalioni,.
Também devido
ao impacto do auxílio emergencial, o peso dos outros rendimentos na renda
domiciliar mais que dobrou na comparação com 2019, quando era de 4,4%.
"De 2019
para 2020, o auxílio emergencial e o desemprego mudaram o perfil do rendimento
domiciliar. A proporção de domicílios com pessoas recebendo outros programas
sociais saltou de 0,7% para 23,7%, aumentando em todas as regiões, sobretudo no
Norte (0,5% para 32,2%) e Nordeste (0,8% para 34,0%)", destacou o IBGE.
A analista da
pesquisa, Alessandra Scalioni, ressalvou, no entanto, que "o rendimento do
trabalho continua sendo a principal fonte de renda dos domicílios” no país.
Regionalmente, porém, o Nordeste foi a
primeira grande região do país, em toda a série da pesquisa, a registrar um
percentual de pessoas com rendimento de trabalho (32,3%) inferior ao das
pessoas que recebiam rendimento de outras fontes (32,8%).
O instituto enfatizou que, por outro lado, caiu a proporção de
domicílios que recebiam o Bolsa Família (de 14,3% para 7,2%), "pois parte
dos beneficiários passou a receber o Auxílio Emergencial". Já a proporção de
domicílios que recebiam BPC-LOAS passou de 3,5% para 3,1% no período.
Além disso, o IBGE destacou, também, que pela primeira vez, desde
2012, o grupo dos outros rendimentos superou o das pessoas que recebiam
aposentadoria e pensão (12,4%).
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/11/19/com-pandemia-rendimento-medio-mensal-do-brasileiro-cai-34percent-e-chega-ao-menor-valor-desde-2012-diz-ibge.ghtml. Acesso em 19/11/2021.
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