A tecnologia
promete uma revolução: conexão com velocidade ultrarrápida, avanços de
tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a possibilidade de ligar muitos
objetos à internet ao mesmo tempo.
O que
é o 5G?
É a nova geração de internet móvel,
uma evolução da conexão 4G atual.
A promessa é que ela
trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de
resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.
Essa evolução da rede vai permitir
conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio.
Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.
O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?
- Hz: hertz, é a unidade
de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo.
- MHz: megahertz,
representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo).
- GHz: gigahertz,
representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).
- Bps: bits por segundo, é
a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo.
- Mbps: megabits por segundo,
representa 1 milhão de bits por segundo.
- Gbps: gigabits por
segundo, representa 1 bilhão de bits por segundo.
O quanto ele é melhor que o 4G (na prática)?
A média da
velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits
por segundo), de acordo com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de
2021.
O valor pode
variar de região para região, da prestadora do serviço e até mesmo do horário
em que uma pessoa acessa a rede.
Uma conexão 4G com excelente performance chega a próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da
TIM.
O 5G, por sua
vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma
diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.
"Se
fizermos uma analogia com o mundo real, 100 vezes mais rápido é a diferença de
velocidade entre um ciclista de alta perfomance e um caça de guerra",
afirmou Capdeville.
Nem sempre o
5G vai atingir as velocidades absolutas, mas a melhora pode ser significativa.
Essa diferença diz respeito somente à velocidade. Mas o 5G
também promete baixa latência, ou seja, um tempo
mÃnimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet –
aquele "delay" que acontece em ligações em vÃdeo, quando é preciso
esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos.
"No 4G,
quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode
ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes
o tempo que uma informação leva para percorrer a rede", disse Capdeville.
Outra
caracterÃstica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá
lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo.
A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar
com mais de uma antena ao mesmo tempo.
O que o 5G vai permitir?
Essas
melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir
um leque de aplicações, segundo especialistas.
Tecnologias
como os carros
autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem
como a chamada "indústria 4.0" com toda a linha de produção
automatizada. Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis
quando a rede oferecer um tempo de resposta mÃnimo.
Wilson
Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE)
e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet
que passaram a ser possÃveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade.
"Não
tÃnhamos Uber no 3G porque não as caracterÃsticas que o Uber pede, de
localização, de velocidade, não estavam disponÃveis. Essas
aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G
espalhadas, teremos sensores e novas aplicações", afirmou.
É o caso dos carros
autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G
ainda não é veloz o suficiente para evitar acidentes em situações extremas,
além de não suportar tantos dispositivos conectados ao mesmo tempo.
O 5G também
pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam
que muito do processamento
de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem,
pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com
acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.
Em
termos práticos e do dia a dia, as videochamadas devem se tornar mais claras, a
experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada, as transmissões de
vÃdeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a uma multidão não deve
mais acontecer.
Quando
ele chegará ao Brasil?
Ainda vai levar um tempo. A expectativa de fontes ligadas ao setor ouvidas pelo g1 é que ainda sejam precisos de 2 a 4 anos, depois
do leilão de frequências, para que o 5G esteja efetivamente disponÃvel em
diversos bairros das maiores cidades do paÃs.
No edital do leilão, que foi aprovado
pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal
em julho de 2022, mas isso também não significa que essas cidades
oferecerão a frequência em todos os lugares.
Em uma audiência na Câmara dos
Deputados em setembro, um dos ministros do Tribunal de
Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, afirmou que a promessa de o 5G a todas as capitais
do paÃs até julho de 2022 é para "inglês ver".
Isso porque a proposta de edital do
5G prevê a instalação de poucas estações rádio base, que são as antenas. Desse
modo, o sinal da internet móvel de quinta geração ficaria restrito a uma
pequena área das capitais, não cobrindo toda a área das cidades.
Ainda segundo a Anatel, para todas as
cidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo de implantação é julho
de 2029. Essas datas foram aprovadas pelo TCU.
O primeiro passo para a exploração da
tecnologia é definir quais empresas poderão operar nas faixas de frequência do
5G. Isso acontece em forma de leilão, que está marcado pela Anatel para 4 de
novembro.
Após o leilão, as operadoras
vencedoras precisarão investir em infraestrutura para oferecer a conexão, como
instalação de fibras ópticas.
Além disso, conforme prevê Cedraz,
ministro do TCU, o 5G vai exigir muito mais antenas para
entregar todo o seu potencial – uma preocupação das empresas, já
que as regras para instalação dos equipamentos são definidas por cada
municÃpio.
Para Marcos Ferrari,
presidente-executivo da Conexis, entidade que representa as operadoras, a
cobertura pode acontecer até mesmo antes das metas previstas pela Anatel
conforme a demanda dos consumidores e a competição do mercado.
A Anatel prevê que se instale mais
estações rádio base (ERB) – ou antenas – nas cidades, com o passar do tempo. Na
prática, é isso o que garantirá cobertura de sinal 5G. Veja o
cronograma:
- 31 de julho de 2022: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 100 mil
habitantes
- 31 de julho de 2023: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 50 mil
habitantes
- 31 de julho de 2024: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 30 mil
habitantes
- 31 de julho de 2025: capitais e Distrito Federal e cidades com mais de 500 mil
habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes
- 31 de julho de 2026: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15
mil habitantes
- 31 de julho de 2027: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15
mil habitantes
- 31 de julho de 2028: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo
uma ERB a cada 15 mil habitantes
- 31 de julho de 2029: todas as cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a
cada 15 mil habitantes
Nos municÃpios com até 30 mil
habitantes, a Anatel determina a instalação de até cinco estações rádio
base, conforme o tamanho da população. Veja o cronograma para estas cidades:
- 31 de dezembro de 2026: 30% dos municÃpios com até 30 mil habitantes
- 31 de dezembro de 2027: 60% dos municÃpios com até 30 mil habitantes
- 31 de dezembro de 2028: 90% dos municÃpios com até 30 mil habitantes
- 31 de dezembro de 2029: 100% dos municÃpios com até 30 mil habitantes
Em que
pé está?
O leilão do 5G,
primeiro passo para a exploração da tecnologia, acontece nesta quinta-feira (4).
Ao comprar uma faixa, uma empresa
ganha o direito de fazer a exploração econômica (oferecendo conexão para as
pessoas por exemplo), mas também terá de cumprir com obrigações previstas pela
Anatel (veja mais abaixo quais são).
Após a definição de quais empresas
vão operar a nova tecnologia, começa a fase de implementação, com a instalação
da infraestrutura necessária deve começar.
A previsão é que o 5G comece a ser
ofertado até julho de 2022, inicialmente nas capitais dos estados.
Vai
ser mais caro?
As operadoras geralmente não oferecem
acesso exclusivo a um tipo de tecnologia de rede, mas cobram pela franquia de
dados utilizada.
As empresas, porém, ainda não definiram se haverá reajustes nos preços de pacotes de
dados, pois ainda vão levar meses até que a tecnologia esteja
disponÃvel.
O acesso ao 5G deve ser mais restrito no inÃcio por dois motivos: uma
cobertura menor, primeiramente centrada nas capitais, e a compatibilidade de
poucos celulares – que atualmente são os mais caros do mercado.
Vai
funcionar no celular que eu já tenho ou ter que comprar um compatÃvel?
Será preciso ter um celular
compatÃvel com a tecnologia 5G. Dentre os
que já são vendidos no Brasil, maioria são modelos mais sofisticados, como o iPhone 13 e o Galaxy S21, na faixa dos R$ 6 mil ou mais.
Há outros
modelos menos potentes à venda, como o Samsung Galaxy A32 5G e Motorola moto g
50 5G, na faixa dos R$ 2.000. Com o tempo, a tendência é que todos incorporem a
compatibilidade, assim como aconteceu com o 4G.
O 4G vai acabar?
Não. Os
celulares atuais continuarão funcionando nas redes 4G, 3G e 2G –
essas conexões não deixarão de funcionar.
Vai substituir a internet fixa?
Não. Embora
o 5G seja muito potente e prometa velocidades maiores até do que as que temos
em casa, a tendência
é que a rede móvel sirva como um complemento.
Para
conectar lâmpadas, aspiradores de pó, geladeiras, entre dezenas de outras
coisas, o Wi-Fi ainda será a ponte para a internet.
"Para o
5G oferecer a velocidade, é preciso também chegar com a fibra óptica na
antena", explicou Eduardo Tude, presidente da Teleco, empresa de
consultoria de telecomunicações.
Para o
executivo, a internet
fixa vai melhorar independente do 5G. A necessidade de se
instalar mais cabos de fibra óptica nas cidades pode acelerar toda a
infraestrutura.
O que é o 5G anunciado pelas
operadoras atualmente?
Algumas
operadoras já fazem propagandas sobre o 5G, mas esse ainda não é o 5G
"puro". Na verdade, a tecnologia oferecida atualmente é o 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro,
da sigla em inglês), que funciona como transição
entre a quarta e a quinta geração da rede.
Essa tecnologia usa as mesmas frequências do 4G e oferece uma velocidade maior, mas não
chega a entregar o potencial máximo do 5G.
"Essa conexão vai ser importante no conceito futuro da rede
5G, quando a cobertura ainda for restrita. Às vezes você estará em uma região
onde você não tem a cobertura total da quinta geração, mas você tem o 5G DSS
que ajuda nessa continuidade de conexão", afirmou Leonardo Capdeville, da
TIM.
A promessa
das operadoras que oferecem esse serviço no Brasil é de velocidades que chegam
a 500 Mbps. No uso do dia a dia, os valores são menores, mas superam a média da
velocidade do 4G (19,8 Mbps).
A
disponibilidade da tecnologia, no entanto, ainda é limitada: somente alguns
bairros de poucas cidades possuem essa conexão.
O que são as faixas do 5G?
As faixas do 5G são as frequências em
que a rede opera. Uma analogia frequente para explicar as faixas são rodovias no ar por onde circulam os dados de internet.
É isso está sendo leiloado pelo governo brasileiro e permitirá que as operadoras passem a
oferecer a conexão.
Ao comprar uma faixa, uma empresa
terá direito de fazer a exploração econômica (oferecendo conexão para as
pessoas por exemplo), mas também terá de cumprir com obrigações previstas pela
Anatel (veja mais abaixo quais são).
No Brasil, irão a leilão faixas de
frequência em quatro bandas: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz e 26 GHz.
As principais faixas para o 5G serão:
- 3,5 GHz, que vão permitir conexões
rápidas em longo alcance;
- 26 GHz, chamada de faixa
milimétrica e que vai permitir as aplicações com tempo mÃnimo de resposta,
mas que exige a instalação de mais antenas por ter um alcance de sinal
limitado.
A exigência de mais antenas na faixa
de 26 GHz e as demandas de cobertura da Anatel são vistas como desafios pelo setor de telecomunicações, pois
as regras para a instalação delas são definidas por cada municÃpio.
A Lei das Antenas, sancionada em
2015, foi criada para facilitar o processo de instalação de antenas de redes
móveis.
Em 2020 um decreto presidencial
regulamentou alguns aspectos, como o silêncio positivo, que permite a
instalação dos equipamentos após 60 dias caso não haja manifestação por parte
de órgãos ou entidades municipais – desde que o pedido siga em conformidade com
a legislação.
O que as antenas parabólicas têm a ver com 5G?
O sinal de
parabólicas hoje ocupa uma das faixas de frequência que serão do 5G.
A Anatel
determinou que esse sinal passe da banda C (faixa de 3,5 GHz), que será usada
no 5G, para a banda Ku (outra faixa, que opera entre 10,7 GHz e 18 GHz).
A
transferência inclui a distribuição e instalação de kits que permitam a
recepção do sinal de TV aberta transmitido nessa banda Ku. Ou seja, a antena
parabólica será substituÃda na casas das pessoas por um outro equipamento que
vai garantir o sinal de TV.
As
operadoras de telecomunicações vão financiar a troca das velhas antenas por
novas, menores, que operam em outra frequência, para beneficiários de programas
de baixa renda que fazem parte do Cadastro Únido do governo (CadÚnico).
O processo
vai ser parecido com aquele que aconteceu quando houve a troca do sistema da TV
analógica para a TV digital. A distribuição será de responsabilidade de uma
entidade criada pelo governo federal.
Como vai funcionar a rede privada
5G do governo?
Uma portaria
do Ministério das Comunicações com as diretrizes do leilão para o 5G, que
basearam o edital, exigiu a criação de uma rede privada do governo. O objetivo
é que ela funcione como um canal seguro para a comunicação estratégica das
autoridades.
Os estudos
preveem uma rede móvel de fibra óptica limitada ao Distrito Federal e uma rede
fixa para atendimento dos órgãos públicos federais.
"Os
conceitos de redes privativas nasceram antes do 5G, mas agora são muito mais
aplicados. A gente vê vários paÃses aplicando regulamentos de redes privativas
para uso de segurança pública, como proposto na portaria da Ministério das
Comunicações ou mesmo para usos industriais", afirmou Wilson Cardoso, do
Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
"A rede
privativa do governo faz sentido nesse ponto de vista, de criar uma rede
apartada com caracterÃsticas de segurança que a gente ainda não sabe, porque só
define que existe essa rede e dedicada aos usos do governo federal. Não é
nenhuma jabuticaba, é uma tendência global", completou.
Para criar
essa rede privativa, será criada uma entidade administradora, que funciona como
uma empresa. As empresas
que ganharem o leilão precisarão fazer um
aporte de R$ 1 bilhão.
Fonte: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2021/11/02/leilao-do-5g-acontece-nesta-semana-quando-chega-precisa-trocar-de-celular-veja-respostas.ghtml.
Acesso em 04/11/2021
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