A Petrobras já reajustou o gás seis
vezes este ano, com alta acumulada de 37,8%. A Agência Nacional do
Petróleo (ANP) calcula que o preço médio do botijão de 13 quilos no país subiu
de R$ 69,98 em agosto de 2020 para R$ 93,32 em agosto de 2021. Na Região Norte,
superou a casa dos R$ 100 em julho e chegou a R$ 102,74 em agosto.
A aceleração do preço fez o peso do produto no cálculo da inflação
passar de 1,56% em agosto de 2020 para 1,79% em julho de 2021. Em quatro das
dez regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), já ultrapassa os 2%. O Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) estima que chegue a 2,7% nas famílias com renda muito baixa
(renda domiciliar menor que R$ 1.650,50 por mês).
“O gás de botijão é um item importante no orçamento das famílias,
especialmente naquelas com renda de até cinco salários mínimos, e tem 14 altas
seguidas, desde junho de 2020. A alta ajudou a puxar a inflação no período”,
explicou ao Valor Econômico o analista do IBGE André Filipe Guedes Almeida.
“Estamos falando de uma alta de 30% em 12 meses, então acaba sendo
pesado para o orçamento das famílias de baixa renda. E isso vem junto com altas
fortes em energia elétrica e alimentos, que respondem por parcela importante dos
gastos”, complementou Maria Andreia Parente Lameiras, economista do Ipea.
“A inflação é ruim para todos, ricos ou pobres. Mas pesa mais para
as famílias de mais baixa renda, que são as com grau de instrução mais baixo e
também as que mais sofreram na pandemia, perdendo emprego e agora com mais
dificuldade de inserção no mercado”, prosseguiu Lameiras.
O Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Ipea mostrou aumento
para todas as faixas de renda de junho para julho, mas ele foi maior para as
famílias de renda muito baixa – 1,12%, contra 0,88% das famílias de renda alta.
“Você tem aí alimentos, energia elétrica e gás de cozinha. Isso
tudo pressiona mais a inflação dos mais pobres, porque o percentual da renda
gasto com esses itens é maior do que para os mais ricos”, concluiu a
pesquisadora do Ipea.
No acumulado do ano até julho, a inflação para o grupo de renda
muito baixa, que recebe até R$ 1.650,50, foi de 4,8%. Nos últimos doze meses,
chegou a 10,1%, a maior desde 2016 (10,6%. Em 12 meses, a alta inflacionária
para as famílias de renda muito baixa reflete as variações de 29,3% do gás de
botijão, de 20,1% da energia elétrica e de 16% dos alimentos no domicílio,
sinaliza a pesquisa do Ipea.
Fonte:
https://pt.org.br/preco-do-gas-de-cozinha-aumenta-tres-vezes-mais-do-que-a-inflacao/.
Acesso em 17/08/2021
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