Dona Cadu “representa claramente a figura de mestre de saberes populares, fiel a seus conhecimentos técnicos, gestos e dizeres tradicionais, trabalhando como louceira desde criança, na Vila de Coqueiros, Recôncavo baiano. Como todos os mestres, ela é reconhecida por sua integridade, sua condição de liderança, sua popularidade, e, obviamente, pela constância e fidelidade na reprodução de objetos cerâmicos de uso alimentar”, descreve o documento de solicitação da outorga, apresentado pelo professor Carlos Etchevarne ao colegiado da FFCH e por esta encaminhado ao Conselho Universitário da UFBA, que aprovou a concessão.
“Sua simpatia e cordialidade fizeram que se tornasse popular dentro e fora da região onde mora, sendo seu trabalho conhecido no Brasil através da mídia nacional. Professores da Universidade Federal da Bahia, especialmente das disciplinas ministradas na Escola de Belas Artes, do curso de museologia (FFCH), do curso de comunicação, de bacharelado interdisciplinar em artes e, ainda, das disciplinas arqueológicas da FFCH visitam todos os semestres a oficina de Dona Cadu, que, com simpatia e cordialidade, mas com a responsabilidade de quem tem convicção de que é uma referência nacional em termos de produção cerâmica, recebe-os e dá, gratuitamente, aulas de cerâmica, com a dignidade de um professor universitário”.
O professor Etchevarne
destaca ainda a sua relação com a comunidade de Coqueiros, trabalhando com o
grupo de louceiras. “Com relação ao papel que Dona Cadu tem sobre o grupo de
artesãs, deve se considerar que sua liderança consiste em arbitrar certas
questões entre as louceiras, no que concerne às atividades em conjunto, na
mediação entre compradores e produtoras e na interlocução destas com o restante
dos moradores da vila de Coqueiros. Alguns depoimentos mostram também o papel
de administração socializante quando recebe os pedidos de compradores e divide
o que deve ser produzido com outras mulheres, especialmente com aquelas que
estão mais necessitadas”.
Finalmente,
Dona Cadu formou ainda, com os membros da comunidade, um grupo de samba de roda
e participa, compondo sambas, cantando e sambando, de festas da região.
Fonte: http://www.edgardigital.ufba.br/?p=21412.
Acesso em 31/08/2021.
0 Comentários