Diante da pressão da sociedade, do mundo esportivo e do Governo, as principais empresas de mídia social, Facebook e Twitter, cederam e entregaram à polícia britânica dados das contas de onde partiram os ataques, o que raramente fazem voluntariamente.
Outra mudança de atitude veio do Instagram, que depois de quatro dias admitiu que errou ao não remover posts com emojis de macacos e bananas apontados na última segunda-feira pela BBC. Eles tinham sido classificados como aceitáveis de acordo com as regras da comunidade, mas o diretor geral da plataforma, Adam Mosseri, voltou atrás e pediu desculpas pela falha.
As medidas não estão sendo suficiente para aplacar as críticas. Nesta quinta-feira (15/7), mais um jogador atacado, Bukaya Saka, acusou as empresas de tecnologia de não se empenharem o suficiente para combater o racismo nas plataformas.
Jogadores alvo de racismo recebem apoio
Ele disse que imediatamente após perder o pênalti, dando a vitória à Itália, sabia que se tornaria alvo. E revelou que ficou fora das redes por alguns dias, para refletir. Na longa mensagem, agradece o apoio recebido desde a final da Euro.
Marcus Rashford, ídolo dentro e fora dos campos por sua batalha para garantir alimentação de alunos das escolas no período do lockdown em 2020, viu um mural em sua homenagem em Manchester ser vandalizado.
A reação veio logo, com a recuperação da obra pelo artista que a havia criado, e manifestações de apoio e carinho levadas por pessoas inconformadas com os ataques.
Agressividade online vai gerar banimento dos estádios no Reino Unido
O primeiro-ministro Boris Johnson e a secretária nacional do Home Office (pasta responsável por justiça e segurança pública) entraram na linha de tiro dos que se manifestaram contra os abusos racistas. O motivo foi a postura deles durante a Eurocopa, não condenando vaias a hinos de adversários e não apoiando o ato de os jogadores se ajoelharem antes das partidas.
O premiê vem tentando conter os danos à sua imagem. Em 14 de julho, reuniu-se com as plataformas digitais para cobrar mais ação.
A chamada “ordem de proibição do futebol” é um dispositivo legal usado para evitar que torcedores se envolvam em desordens relacionadas ao futebol. Elas podem durar entre três e 10 anos. O governo, contudo, não informou quando isso será estendido aos que usam a internet para ataques racistas.
A Unidade de Polícia de Futebol do Reino Unido disse que 897 incidentes relacionados ao futebol e 264 prisões foram registrados em todo o país nas 24 horas que antecederam a final.
A polícia informou ainda que quatro pessoas foram presas por abuso racista online dirigido a membros da seleção inglesa.
Lei de Segurança Online tramita no Parlamento britânico
Boris Johnson disse que governo, a Premier League (principal campeonato de futebol do país) e as autoridades do futebol “trabalharão juntos para ajudar a lidar com todos os aspectos de abuso online que os jogadores de futebol estão enfrentando, antes da entrada em vigor da Lei de Segurança Online”.
Boris Johnson disse que governo, a Premier League (principal campeonato de futebol do país) e as autoridades do futebol “trabalharão juntos para ajudar a lidar com todos os aspectos de abuso online que os jogadores de futebol estão enfrentando, antes da entrada em vigor da Lei de Segurança Online”.
O secretário nacional de cultura, mídia, esportes e digital, Oliver Dowden, disse que “as empresas de tecnologia sabem o que está por vir com nossas novas leis de segurança online, mas devem usar sua engenhosidade e recursos consideráveis para impedir esse abuso racista agora”.
A proposta final do novo regulamento foi publicada em maio. Ela exigirá que as empresas digitais combatam os abusos em suas plataformas, evitando que ocorram e removendo postagens identificadas como contrárias às políticas de uso.
As redes sociais precisarão impedir que infratores reincidentes abram novas contas e tornar mais fácil para as autoridades encontrar pessoas que abram contas anônimas para abusar de outras pessoas. O abuso racista será considerado um dano prioritário na legislação.
Se não cumprirem suas responsabilidades, as empresas de mídia social enfrentarão sanções que incluem multas de até 10% do faturamento global e, em última instância, responsabilidade criminal para os executivos.
Redes vêm sendo alvo de boicotes
No começo do ano, o mundo do futebol já havia tido atritos com as redes sociais. O astro francês Thierry Henry anunciou no final de março que desativaria seus perfis por tempo indeterminado como forma de protestar contra o racismo online.
A atitude foi seguida por clubes como o Arsenal, que chegou e desativar também seus perfis.
“É uma ferramenta importante que, infelizmente, algumas pessoas se transformam em uma arma porque podem se esconder atrás de uma conta falsa”, criticou Henry.
O brasileiro Willian foi outra voz de destaque na Premier League contra o racismo. O brasileiro disse que é hora de as autoridades do futebol e as empresas de tecnologia reforçarem seu discurso com uma ação mais forte.
Willian acha que as empresas devem tornar obrigatório para os usuários o upload de um passaporte ou carteira de identidade para torná-los facilmente responsáveis por suas ações.
Fonte: https://www.geledes.org.br/facebook-e-twitter-cedem-e-entregam-perfis-ligados-a-racismo-contra-atletas-da-selecao-da-inglaterra/.
Acesso em 18/07/2021
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