Os números são de um
levantamento realizado pela consultoria. Dados com base nos indicadores de
abril – os últimos disponíveis – da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) Contínua.
Em abril, o
Brasil tinha 85,9 milhões de ocupados, 3,3 milhões a menos do que no
mesmo mês de 2020. Calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), a Pnad
Contínua leva em conta tanto o mercado de trabalho forma como o informal.
"Na
pandemia, a queda do emprego foi recorde na comparação ano contra a ano",
afirma Bruno Ottoni, analista da consultoria IDados e responsável pelo
levantamento. "A partir de abril, maio e junho (de 2020), houve uma
retração muito grande do emprego, o que mostra que a pandemia afetou fortemente
o mercado de trabalho."
Nessa base de
comparação anual (mês contra igual mês do ano anterior), o estudo do IDados
mostra que, se o efeito da pandemia ainda se arrasta no mercado de trabalho, o
estrago já foi muito pior. Em agosto do ano passado, no período mais
agudo da crise, quase 1,4 mil brasileiros perdiam o
emprego por hora. Naquele momento, o país tinha 81,6 milhões de
ocupados, quase 12 milhões a menos na comparação anual.
"A partir
de agora, o que a gente vai ver provavelmente é esse número ficando cada vez
menos negativo e, em algum momento, ele deve passar para o terreno
positivo", diz Ottoni.
O pesquisador destaca, no entanto, que essa melhora vai ocorrer por
causa de uma base de comparação bastante fraca. Em dezembro de
2019, por exemplo, o Brasil chegou a ter 94,5 milhões de pessoas com algum
trabalho.
A fragilidade do
mercado de trabalho fica evidente na taxa de desemprego. No trimestre encerrado
em abril, a desocupação manteve o patamar recorde
de 14,7% e atingiu a 14,8 milhões de brasileiros.
O país atingiu o recorde histórico da
taxa de desemprego no início deste ano. A melhora esperada vai se dar com uma
queda desse patamar elevado, mas ainda vamos terminar o ano com um desemprego
muito alto", afirma Ottoni.
Desde que começou a pandemia, Terezinha de Jesus dos Santos, de 35
anos, nunca mais conseguiu um emprego. Moradora de Paraisópolis, zona sul de
São Paulo, ela tem uma filha de 13 anos e sobrevive apenas com o Auxílio Emergencial.
"Antes da
pandemia, eu estava trabalhando como diarista, ganhando bem, mas, depois, com o
coronavírus, o pessoal foi ficando preocupado, com medo de falir, e fui
dispensada", afirma Terezinha.
O auxílio tem sido
insuficiente para que ela consiga pagar todas as suas contas. O aluguel de R$
550 está atrasado há dois meses.
Quando sai o
auxílio, eu compro básico, essas coisas mais em conta. Coloco no congelador e
vou tirando aos pouquinhos", diz Terezinha. "Quando falta alguma
coisa, o pessoal (da comunidade de Paraisópolis) sempre me dá uma cesta
básica."
Para tentar
voltar ao mercado de trabalho, Terezinha diz que sai todos os dias de casa em
busca de um emprego. "Estou sempre procurando. Não fico dentro de casa
porque é pior. Sempre saio procurando nas empresas, preenchendo fichas. Estou
indo em busca."
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/07/24/em-um-ano-de-pandemia-377-brasileiros-perderam-o-emprego-por-hora.ghtml.
Acesso em 24/07/2021
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