“No final da adolescência, fui disputar uma maratona quando já
estava com a visão muito comprometida e acabei colidindo com um poste. Ali
decidi que não dava mais”, conta Thomas, que hoje, aos 50 anos, é cego.
Ele passou a disputar provas sendo guiado por outros atletas. Só
que isso, claro, lhe custou a liberdade. Thomas chegou a treinar um simpático
labrador, o Blake, para guiá-lo nas corridas, só que o cachorro não suporta o
ritmo de atleta por muito tempo.
Thomas percebeu aà que precisava de outro tipo de ajuda: o da
tecnologia. Ele foi a uma conferência em Nova York e desafiou cientistas a
criarem uma inovação para que cegos, como ele, pudessem correr sozinhos.
Após um
ano de desenvolvimento, o desejo tomou forma. E não foi de uma geringonça
complicada; basta um celular com câmera e um fone de ouvido.
Um time
de especialistas de uma empresa de tecnologia criou um sistema capaz de
identificar uma rota com precisão, como por exemplo uma faixa pintada no chão.
O celular, preso na cintura, vai captando as imagens e, com base nessa
localização, sinais sonoros são emitidos direto para os fones de ouvido do
corredor, orientando o caminho.
“Nós
basicamente ensinamos a máquina a reconhecer essa linha e conseguimos adaptar
isso para algo simples, como um telefone, ampliando as possibilidades de
acesso”, diz Xuan Yang, que ajudou a desenvolver a tecnologia.
O
grande teste ocorreu no mês passado: cinco quilômetros de corrida sem auxÃlio
externo no Central Park. Só Thomas, uma linha no chão e uma voz salvadora nos
ouvidos.
“Eu
posso ouvir a linha. Se me afasto para cá, por exemplo, ela me pede pra voltar.
É como se fosse um túnel de som”, explica o corredor.
Ele
conseguiu. Teve até linha de chegada e medalha. Mas essa prova ainda não
acabou. O produto não está disponÃvel no mercado porque precisa de ajustes e de
mais testes. E Thomas vai seguir nessa missão de lapidá-lo com os técnicos para
que, em 2021, mais gente possa sentir o que ele experimentou.
“É uma sensação de liberdade e independência. Estou correndo no Central Park como outros nova-iorquinos e isso me traz uma deliciosa sensação de pertencimento”, diz Thomas.
Traz
também esperança em um momento em que precisamos tanto dela. Os pequenos passos
de Thomas podem significar um grande salto no futuro.
Conteúdo sugerido por: Jailton Sena
Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/01/02/tecnologia-ajuda-atleta-cego-a-correr-sem-guia.ghtml.
Acesso em 04/06/2021.
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