Esse equilíbrio de poder pode mudar? Em
todo caso, o escritório das Nações Unidas parece estar dando passos firmes na
direção da igualdade. Especialmente em Genebra, na Suíça, onde as
mulheres demoraram até 6 de março de 1960 para conquistar o direito de votar e
disputar eleições.
Agora, desde maio de 2019, a economista,
jornalista e diplomata russa Tatiana Valovaia ocupa o cargo de diretora-geral
da ONU Genebra, uma estreia histórica no mundo da ONU.
Não é a única instituição de grande porte
presidida por uma mulher. Em 1º de março, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala se
tornou a primeira mulher —e a primeira africana— a tomar as rédeas
da Organização Mundial do Comércio (OMC) e seus 625 funcionários.
Sua nomeação veio cinco meses depois da
jamaicana Pamela Coke-Hamilton, escolhida para chefiar o Centro Internacional
de Comércio (CIC). Com 120 funcionários, a missão do CIC é ajudar pequenas e
médias empresas de países em desenvolvimento a expandir suas atividades de
exportação.
Essa abrangente conquista igualitária
parece longe de terminar. A Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento da ONU
(Unctad, em inglês) também poderá ter uma mulher no comando em breve. Já tem,
na verdade, de forma interina. “Esse objetivo ainda não foi totalmente
alcançado, mas é provável que o secretário-geral da ONU, o português António
Guterres, esteja inclinado a indicar uma mulher para a Unctad. Desde que chegou
ao poder, quatro anos atrás, ele realmente promoveu essa causa. Eu não ficaria
surpresa se seu sucessor for uma mulher”, disse Isabelle Durant,
ex-vice-primeira-ministra da Bélgica que, desde 15 de fevereiro, é a
secretária-geral interina da Unctad, com 480 funcionários.
UM DIRETOR EM BUSCA DA IGUALDADE DE
GÊNERO
Para Guterres, a igualdade de gênero na ONU
precisa ser alcançada com urgência: “É uma das minhas prioridades pessoais. É
um dever moral e uma necessidade operacional. A inclusão significativa de
mulheres na tomada de decisões aumenta a efetividade e a produtividade, traz à
mesa novas perspectivas e soluções, destrava maiores recursos e reforça
iniciativas nos três pilares de nosso trabalho”.
Estas são, evidentemente, mais que simples
palavras, já que 53% das subsecretárias-gerais de Guterres são mulheres, e, com
frequência, ele indica candidatas a cargos importantes. Mas isso é só de
fachada, escondendo a imagem maior? Como as mulheres estão representadas nas
camadas mais baixas da ONU?
Em 2017, os homens formavam 55,9% da equipe da
organização, enquanto 44,1% eram mulheres —em 2003, esse número era de apenas
36,3%. Está claro que houve progresso em direção à paridade, mesmo que os
homens ainda sejam amplamente dominantes em cargos oficiais superiores,
ocupando 66,3% deles. Se considerarmos um setor econômico geralmente associado
aos homens, na Unctad as mulheres formam 31% do pessoal no nível de gerência
sênior, e 34% de todo o pessoal.
“Ainda há espaço para melhoras, e estou trabalhando duro para promover as coisas a cada recrutamento”, disse Isabelle Durant. Ao contrário do que ouvimos com frequência, ela sente que não há escassez de talento feminino no setor econômico. É um preconceito inconsciente que gera a presença de mais homens que mulheres no processo de recrutamento. “Liderança não tem a ver apenas com a força masculina, também significa saber unir suas equipes, demonstrar empatia e respeito.”
PRESENÇA
FEMININA NA OMC
Outro exemplo dessa tendência atual na
direção da feminização é a diretora-geral da OMC, que acaba de nomear —em 4 de
maio— duas mulheres para sua equipe de quatro vices: a americana Angela Ellard
e a costarriquenha Anabel González. Mais uma vez, é uma novidade na
instituição.
“Isto salienta meu compromisso de
reforçar nossa organização com líderes talentosos e ao mesmo tempo alcançar o
equilíbrio de gêneros em cargos seniores”, disse Okonjo-Iweala.
Entre outras chefes de organizações
internacionais está a diretora-executiva da Unaids, Winnie Byanyima, uma
engenheira aeronáutica ugandense nomeada em 2020.
A ascensão dessas mulheres ajudou a revitalizar a imagem da Genebra Internacional —e suas importantes negociações multilaterais—, cujo papel foi posto em dúvida pelos EUA. Há anos o sistema ONU está comprometido com a promoção da igualdade de gênero. Desde 2015, a ONU acelerou o ritmo por meio da adoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: um quinto deles defende igualdade de gênero.
Fonte: https://www.geledes.org.br/na-direcao-da-igualdade-mulheres-assumem-cargos-no-topo-de-instituicoes-internacionais/.
Acesso em 22/06/2021.
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