Segundo a professora Divanise Vieira, uma das idealizadoras
da campanha, a iniciativa surgiu a partir de uma reflexão acerca das
dificuldades que muitas famílias estão passando durante a pandemia do
coronavírus, principalmente aquelas de baixa renda, situação agravada como o
aumento do desemprego no país. Nesse contexto, a intenção é fazer a campanha de
arrecadação destes absorventes femininos de forma mais abrangente, pois antes
da crise sanitária, já havia uma mobilização de professoras e equipe diretiva
que faziam essas doações e deixavam disponíveis na secretaria para serem
entregues as meninas que eram surpreendidas com a chegada da menstruação no
ambiente escolar, e também para atender àquelas que devido à questão econômica,
não tinham acesso sempre que necessário, como observado no Relatório da UNFPA o
custo dos absorventes ainda é relativamente alto, para um produto que é item
básico de uso mensal na vida de todas as meninas e mulheres por muitos anos.
Vieira, ainda destaca que. segundo informações do site do
UNICEF no Brasil, dia 28 de maio é celebrado o Dia Internacional da Dignidade
Menstrual. Este Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram um relatório que traça um
panorama alarmante da realidade menstrual vivida por meninas brasileiras. De
acordo com o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de
direitos”, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu
domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados
menstruais nas escolas.
O relatório da UNFPA/UNICEF traz dados de pesquisas de 2013
a 2018 que demonstram os impactos na vida educacional, profissional e social
causados na vida de muitas destas meninas marcadas pelas históricas
desigualdades de gênero, raça, região e classe social E em razão do agravamento
das desigualdades diante dessa crise sanitária e econômica que estamos
vivenciando muitas famílias precisam optar entre o alimento ou demais gastos, a
exemplo do absorvente que passa a ser um item de luxo, pois quem não tem
dinheiro precisa improvisar, colocando em risco a própria saúde.
Outro problema que é preciso destacar e´ que a substituição
dos absorventes, os improvisos geram desconfortos, medos, constrangimentos
tensões que não são apenas hormonais. É uma realidade muito difícil, solitária
muitas vezes para muitas meninas, pois existem muito tabus em torno dessa
temática que provocam sofrimentos emocionais. Segundo a representante do UNFPA
no Brasil, Astrid Bant, a ausência de condições sanitárias mínimas para que as
pessoas possam gerenciar sua menstruação é uma violação de direitos humanos e
uma condição que distancia o país do alcance dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), como o ODS 3, relacionado à saúde e ao bem-estar. “A
menstruação é uma condição perfeitamente natural que deve ser mais seriamente
encarada pelo poder público e as políticas de saúde. Quando não permitimos que
uma menina possa passar por esse período de forma adequada, estamos violando
sua dignidade. É urgente discutir meios de garantir a saúde menstrual, com a
construção de políticas públicas eficazes, com a distribuição gratuita de
absorventes, com uma educação abrangente para que as meninas também conheçam
seu corpo e o que acontece com ele durante o ciclo menstrual. É o básico a ser
feito para que ninguém fique para trás”. O direito ao uso de absorventes é uma
questão de dignidade feminina.
No período menstrual muitas meninas deixam de ir a escola, de
sair, ir à rua e de realizar tantas outras atividades. A Falta de acesso aos
direitos menstruais, consequência das desigualdades que existe em nosso País
“representam uma barreira, um entrave ao pleno desenvolvimento do potencial de
pessoas que menstruam” diz o Relatório. Por essa razão se faz necessário falar
do assunto, e faz-se urgente entender a importância destes itens básicos de
higiene feminina.
A partir da leitura deste relatório e de uma conversa com
uma colega, a professora Denise Rocha, refletimos sobre as dificuldades de
muitas famílias nessa pandemia, a situação de desemprego e dificuldades que
muitas devem estar atravessando que surgiu a ideia de fazer a campanha de
arrecadação destes absorvente femininos de forma mais abrangente, pois antes da
crise sanitária, já havia uma mobilização de professoras e equipe diretiva que
faziam essas doações e deixavam disponíveis na secretaria para serem entregues
as meninas que eram surpreendidas com a chegada da menstruação no ambiente
escolar, e também para atender àquelas que devido à questão econômica, não
tinham acesso sempre que necessário, como observado no Relatório da UNFPA o
custo dos absorventes ainda é relativamente alto, para um produto que é item
básico de uso mensal na vida de todas as meninas e mulheres por muitos anos.
Ainda, segundo a professor Divanise Vieira, como estamos desenvolvendo na escola um Projeto em Atividades Curriculares Complementares - ACC sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS para agenda 2030 e que traz como tema: Sob Meu Olhar - Retratos da Realidade, pensei em trazer essa campanha para o projeto por que além de ter como objetivo principal arrecadar absorventes femininos para doação na escola tem como proposta fazer um chamamento sobre essa perspectiva do olhar para um problema que ainda é invisível na sociedade. Os direitos menstruais que é retratado no relatório da UNICEF que é ”fundamental para perseguir os compromissos da CIPD( Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ) e contribuir para a promoção da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos, do direito à água e saneamento, da equidade de gênero e da autonomia corporal, condições para que todas as pessoas que menstruam desenvolvam seu pleno potencial.”
Referência
UNICEF/UNFPA Pobreza Menstrual no
Brasil – Desigualdade e violações de direitos. maio 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/pobreza-menstrual-no-brasil-desigualdade-eviolacoes-de-direitos
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