O que eu mais escuto das pessoas é: eu caminho, caminho, caminho, mas quando eu tento correr vejo que eu não sirvo pra isso, eu não aguento nem 5 minutos". Pablius Staduto Braga, médico do esporte do Hospital 9 de Julho, diz que essa é a frase mais comum das pessoas que já desistiram da prática. A boa notícia é que, na maioria das vezes, o fôlego curto está relacionado à falta de direcionamento do que fazer.
O começo
Exames: É jogar com a sorte tentar correr sem
saber como está o condicionamento físico. Marcar um cardiologista precisa ser o
primeiro passo, até porque o médico dirá se a corrida é uma forma viável para
determinado paciente se exercitar. Pessoas com problemas
cardíacos, diabetes, colesterol desregulado, entre outros, têm restrições e
podem se arriscar se começarem a correr sem fazer um checkup antes.
Aceitar o diagnóstico: Mesmo que a pessoa já tenha corrido
maratonas, o ritmo e as recomendações médicas devem ser respeitadas. No caso de
uma pessoa que nunca correu, o médico naturalmente recomendará um início
gradativo e iniciante. Também é comum que ex-corredores fiquem por um tempo sem
treinar e, depois, decidirem "voltar com tudo".
"O ex-corredor pode ficar muito ligado a fevereiro
do ano passado. Sem a pandemia, ele tinha os tempos,
a dinâmica dele e, de repente, é muito tempo parado, mesmo que tenha treinado
dentro de casa, a dinâmica
ficou diferente da corrida de rua. Não tem mais o contato
com rua, não tem mais a busca do objetivo e resultado com mais gente por perto.
Tem que recomeçar", explicou Braga.
Ir atrás
da sua planilha: O futuro
corredor passou no teste ergométrico e no ecocardiograma. Não tem nenhuma
doença secundária. É hora de não desanimar.
A melhor estratégia, de acordo com os especialistas, é montar uma
planilha com os treinos semanais que seja plausível. E isso é uma coisa que
precisa da ajuda de um profissional, de um treinador. O acompanhamento semanal
é fundamental, segundo Gustavo Magliocca, médico do esporte e Chefe do
Departamento Médico da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Magliocca reconhece que a opção de um personal trainer é elitizada,
com preço acessível para poucos. Ele diz que uma alternativa, mesmo que não
seja gratuita, é tentar encontrar uma assessoria esportiva, uma empresa capaz
de desenhar o melhor treino de corrida.
Já para os iniciantes, Braga diz que a melhor
opção é fazer uma planilha de treino intervalado: "eu
classificaria os períodos de corrida dentro de uma caminhada como o melhor
caminho para quem quem começar a correr". Ele sugere começar a caminhar
por uma hora e, dentro do período, colocar 4 ou 5 corridas de 1 minuto.
Garantias contra percalços: O foco deve ser em conseguir
manter a frequência dos exercícios propostos e, segundo os dois especialistas, há alguns
problemas comuns que podem acabar desmotivando logo no início.
O exercício exaustivo, aquele em que a pessoa
começa na primeira tentativa a correr sem parar, não funciona.
O corredor fica cansado depois em 4, 5 minutos e com a sensação de que nunca
vai conseguir manter o fôlego. Por isso, é importante seguir a planilha de
exercícios.
Além disso, a frequência de três
treinos por semana é considerada a ideal - só assim é
possível ir ganhando força aos poucos. Braga pede para não
passar mais de 1 hora caminhando e correndo, porque o exercício
pode ser tão cansativo a ponto de atrapalhar a agenda dos próximos treinos.
A dor não pode ser subestimada. É normal sentir um pouco de dor depois
de um esforço, mas ela precisa passar nos próximos dois dias. Se não aliviar, é
melhor conversar com o treinador ou médico para evitar uma lesão e ter, depois,
que começar tudo de novo.
O mesmo vale para o lugar escolhido na corrida. Magliocca pede que a
pessoa escolha um trajeto conhecido para evitar a chance de queda. Os
parques ainda são a opção mais segura, mas, na pandemia, às vezes a solução é
improvisar mesmo nas ruas perto de casa. Informar o treinador sobre o trajeto é
fundamental - qualquer mudança pode causar um desgaste do corpo.
Por fim, não esquecer da regra que vale para manter a motivação em
qualquer área da vida: comer e
dormir bem.
Ainda
melhor
Escolha
do tênis: o que você calça é uma
ferramenta que pode facilitar ou dificultar a corrida. Magliocca diz que o momento da escolha
do tênis é como comprar um carro: o melhor, mas que caiba no bolso. Opções
baratas podem garantir as características que os médicos consideram essenciais:
- Cabedal (parte que sustenta o calcanhar) mais estruturado, mais firme
- Um bom
amortecedor para a corrida
- Relação equilibrada entre retro pé e médio pé: não ficar alto
demais ou baixo demais
- Prefira provar
o tênis na loja para observar as características
e o conforto
A
máscara: a corrida
na rua precisa de máscara contra o coronavírus. Os dois especialistas dizem que
a queixa do desconforto é genuína, mas precisa ser superada. Para Magliocca, a
melhor máscara é aquela que o corredor consegue se adaptar sem deixar
"cair no queixo".
Braga afirma que chegou a pesquisar as melhores máscaras para
esportistas em estudos científicos, mas que os resultados ainda são muito
preliminares. Disse, ainda, que está otimista com as descobertas que devem
ocorrer na Olimpíada do Japão, marcada para 23 de julho.
O médico do esporte explica que a N95, apesar muito eficiente, é
muito espessa para os corredores, causa uma sensação de desconforto. Por outro
lado, a máscara cirúrgica é uma opção, mas molha com facilidade com o suor. Por
isso, na hora de escolher, as dicas básicas são:
- A
máscara deve cobrir
o nariz e a boca com firmeza, com garantia de que não
vai cair durante o treino
- As
máscaras que não são ajustáveis, principalmente nas alças, não são boas
para o esporte, acabam incomodando ainda mais
- Escolha uma máscara com estrutura mais firme, que evite que o tecido
fique indo e voltando com a respiração
- Os modelos mais armados, mas com o tecido não tão espesso, podem ser uma solução segura. Importante observar quando o material ficar molhado e trocar.
Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/viva-voce/noticia/2021/05/05/corrida-de-rua-veja-qual-mascara-usar-durante-o-exercicio-como-estabelecer-uma-rotina-e-outras-dicas.ghtml.
Acesso em 05/05/2021
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