OS ANTECEDENTES DA
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Em 1788, chegou em Minas
Gerais um novo governador, o visconde de Barbacena, que tinha sido encarregado
de lançar a derrama.
Na época Minas Gerais devia
a Portugal mais de 500 quilos de ouro e não tinha como pagar. A derrama afetava
o conjunto da sociedade mineira, pois a metrópole considerava que a dívida era
de todos.
O clima de revolta tomou
conta da população. Em Vila Rica um grupo de homens da elite, inspirados nos
princípios iluministas, planejou uma conjuração contra a metrópole.
OS LÍDERES
Inácio de Alvarenga Peixoto
(dono de minas e fazenda), Tomás Antônio Gonzaga (ouvidor de Vila Rica),
Cláudio Manoel da Costa (poeta, advogado e dono de minas), Toledo e Melo (padre
e minerador), Oliveira Rolim (padre, negociante de pedras e agiota), Francisco
Paula Freire de Andrade (comandante militar local), Joaquim Silvério dos Reis
(contratador de impostos) e Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes (alferes
e dentista prático), o qual tornou-se um dos principais divulgadores do
movimento.
OS OBJETIVOS
Proclamar uma República em
Minas Gerais;
Instalar uma universidade e
uma casa da moeda em Vila Rica;
Adotar uma bandeira própria
com o triângulo no centro, com a frase: “liberdade ainda que tardia”.
Implantar indústrias na
região.
Ciar o serviço militar
obrigatório
Incentivar a natalidade na
região como forma de aumentar o povoamento.
Observação. Salientar
que a Inconfidência Mineira não foi um movimento popular, mas vinculado a elite
local, bem como a maioria dos seus participantes era contra o fim da
escravidão.
A REPRESSÃO AO MOVIMENTO
O movimento dos
inconfidentes foi denunciado ao Governador de Minas Gerais, principalmente pelo
coronel Joaquim Silvério dos Reis, o qual obteve o perdão de suas dívidas com a
Fazenda Real. O governador decidiu, então, suspender a derrama e rapidamente
organizou tropas para prender os envolvidos.
Os participantes da
Inconfidência Mineira foram presos, jugados e condenados. Onze deles receberam
sentença de morte, mas a rainha D. Maria I, modificou a pena para degredo
perpétuo em colônias portuguesas na África.
Tiradentes foi enforcado em
21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, foi esquartejado e teve partes do seu
corpo distribuídas pelos lugares por onde pregou a libertação das Minas Gerais.
TIRADENTES: UM HERÓI
INVENTADO
Durante o Brasil Império, a
Inconfidência Mineira continuou sendo vista de forma negativa pelos
governantes. Somente ao longo da República os governantes mudaram a imagem que
tinham da Inconfidência. O movimento passou a ser visto como o primeiro a lutar
pela independência, Tiradentes tornou-se “herói nacional” e o 21 de abril (data
que Tiradentes foi enforcado), passou a ser feriado nacional.
“Em 1882 os republicanos
criaram o Clube Tiradentes, cultuando seu herói a cada 21 de abril. Mas é com a
proclamação da República que se oficializa o herói. Em 21 de abril de 1890, 98º
aniversário da morte, houve a primeira grande festa oficial, com marchas cívicas
etc. Nesse dia o Marechal Deodoro da Fonseca presidiu uma solenidade que teve
como orador Silva Jardim.
Começam então a erguer
estátuas e a financiar a historiografia mítica do herói. O ápice dessa
construção de um herói dá-se no Regime Militar de 1964, com a lei 4.897, que o
torna patrono da nação brasileira e institui o dia de sua morte (21 de abril)
como feriado nacional e, o decreto 58.168, que obriga que sua imagem tenha
sempre a barba que lembra Jesus Cristo.
Essa mitificação é uma das
causas por que se conhece tão imperfeitamente a Inconfidência: na mitificação,
ao cria-se um herói do passado para servir de exemplo ao presente, é preciso
fantasiar ou, no mínimo, desprezar fatos”. (CHIAVENATO, Júlio José. As Várias
Faces da Inconfidência Mineira. São Paulo: Contexto, 1994, p. 83 / Adaptado).
Organização: Luís Carlos
Borges da Silva (professor de História).
1 Comentários