Filme Hotel Rwanda: breve análise

Ficha Técnica - 

Duração: 2h2min.

Categoria: Guerra/Drama.

Data de lançamento: 2004.

Direção: Terry George.

Produção: Terry George, A. Kitman Ho.

Elenco: Don Cheadle (Paul Rusesabagina), Sophie Okonedo (Tatiana Rusesabagina), Joaquin Phoenix (Jack Daglish), Nick Nolte (Coronel Oliver), Hakeem Kae-Kazim (Georges Rutaganda), Fana Mokoena (General Augustin Bizimungu).

Sinopse: O filme é fundamentado na história de vida de Paul Rusesabagia, o qual exercia a função de gerente de hotel Milles Collines na capital de Ruanda (Kigali). Durante os conflitos políticos entre hutus e tutsis que mataram quase um milhão de ruandeses em 1994, Paul Rusesabagina, toma a decisão corajosa de abrigar sozinho mais de 1.200 refugiados no hotel que administrava.

Temas tratados no filme: conflitos entre os povos hutus e tutsis, guerra civil em Rwanda, disputa de poder, genocídio, interesses político e econômico, representação do continenete africano.

País/países africanos abordados no filme: Rwanda.

Análise: Quais as representações de África neste filme?

O filme Hotel Rwanda, dirigido por Terry George, narra uma história baseada em fatos reais, durante a guerra civil em Ruanda (1990-1994), país localizado no centro-leste do continente africano. O conflito se desencadeou a partir das rivalidades entre os povos hutus (maioria) e tutsis (minoria), resultando no genocídio de milhares de pessoas. Nesse contexto de extremidades, a narrativa cinematográfica, enfatiza a figura de Paul Rusesabagia, gerente de um hotel pertencente a uma empresa belga na capital Kigali, quando oferece refúgio a 1200 pessoas, a maioria de origem tutsis.

Para entender o contexto histórico em que o filme é fundamentado, se faz necessário retornar ao período de colonização (imperialismo) europeu ao continente africano. Ruanda foi colônia da Alemanha até 1919, com as imposições do Tratado de Versalhes aos alemães, após a derrota na Primeira Guerra Mundial, o território ruandense passou para o domínio da Bélgica, que incentivou a rivalidade entre os tutsis e hutus.  

Com o tempo os belgas criaram alianças com os tutsis, concedendo-lhes privilégios sociais e políticos. Esses privilégios foram baseados nas características físicas desse povo, as quais, segundo os colonizadores eram mais próximas dos europeus, algo pautado no determinismo biológico, porém em 1959 os hutus se revoltaram com as condições desvantajosas que viviam e passaram a controlar o poder em 1961, no ano seguinte Ruanda alcança a sua independência, com um governo de maioria hutu, que promove uma série de ações com perseguições aos tutsis. 

Em meio à crise do governo do presidente Juvénal Habyarimana no início da década de 1990, surgiu a Frente Patriótica de Ruanda (FPR), formada por exiliados tutsis em Uganda, objetivando a retomada do poder. A tensão aumentou com a morte do presidente em uma acidente de avião atribuído a FPR, com isso mais de 800 mil tutsis foram mortos de forma brutal por milícias hutus. A conflito só diminuiu quando a FPR conseguiu controlar as principais cidades do país, porém não foram evidenciadas ações efetivas externas para resolver o conflito, a Bélgica, os Estados Unidos e até ONU não prestaram ajuda ou intervenção militar para conter a guerra, deixando Ruanda a própria sorte.

É nesse contexto, que o filme Hotel Rwanda apresenta fortes impressões acerca de vários aspectos envolvendo o conflito entre hutus e tutsis, com cenas impactantes que demonstram o quanto foi violenta a mencionada rivalidade, bem como elucida a luta de Paul Rusesabagia para salvar pessoas de origem tutsis refugiadas no hotel por ele administrado. Também, demonstra as redes de poder e de relações políticas existentes no meio do conflito, inclusive com ingerências da própria ONU.

 Apesar de retratar de forma expressiva o contexto da guerra civil de Ruanda, o filme em análise, acaba por construir representações acerca da África, inseridas no olhar enviesado, generalista e estereotipado do cinema norte-americano, esboçando a concepção de um continente africano  com as características  de “selvageria”, onde as pessoas são assassinadas a sangue frio e de forma brutal, reforçando o imaginário social de um visão “tribal” e “primitiva”  de África, associada a condição de “bestialidade”, “barbárie” e não civilizada, aspectos que por muitos anos forma difundidos pela historiografia eurocêntrica e estimulados diariamente pelos meios de comunicação, ocultando outros olhares acerca da pluralidade história desse continente.

Observação: atividade desenvolvida pela graduanda em história Mirian Flores de Jesus da Silva, na disciplina África III, do curso de Licenciatura em História da UFRB, ministrada pelo professor Dr. Juvenal de Carvalho Conceição, novembro 


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