Nos últimos dias, assistimos pelo mundo diversas manifestações contra o racismo e a discriminação racial, movimentos acentuados a partir do assassinato do negro George Floyd nos Estados Unidos. No Brasil, as práticas racistas, também persistem, a exemplo da morte do jovem João Pedro no Rio de Janeiro por policiais. A seguir, constam alguns conceitos básicos para entendermos melhor aspectos vinculados as relações étnico-racial e antirracista.
RAÇA.
RAÇA.
Em
uma perspectiva biológica, consiste em um conjunto de características físicas
comuns a um determinado grupo humano (cor da pele, tipo de textura do cabelo,
formato do nariz e do crânio, formato do rosto e estrutura corporal).
Esse
conceito de raça foi usado ideologicamente nos séculos XIX e XX, principalmente
pelos europeus para justificar a ideia de que os brancos eram superiores aos africanos
e asiáticos;
Para
as ciências humanas, o conceito raça pode nos remeter a várias dimensões, como
a possibilidade de diferenciação entre os seres humanos, a escravidão, o
racismo, a luta política pela afirmação da identidade negra e as imagens
construídas e mantidas sobre “ser negro” e “ser branco” em nosso pais.
O
movimento negro rejeita a ideia de que existiam raças superiores e inferiores.
O conceito de raça está relacionado ao reconhecimento da diferenças entre
grupos humanos, sem atribuir qualidades positivas ou negativas, aos
reconhecimento da condição das origens ancestrais e identidades próprias de
cada um.
ETNIA
Refere-se
ao um grupo de pessoas que compartilham da mesma língua, mesma religião, mesma
cultura, das mesmas tradições e visão de mundo, do mesmo território ou das
mesmas condições históricas;
Também,
é um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por
pessoas conscientes, pelo menos em forma latente, de terem origens e interesses
comuns. Uma agregação consciente de pessoas unidas ou proximamente relacionadas
por experiências compartilhadas.
Muitos
estudiosos, acreditam que o conceito de etnia é mais adequado porque não
carrega o sentido biológico, atribuído a raça, o que colabora para a superação
da ideia de que a humanidade se divide em raças superiores e inferiores.
RACISMO
É
uma ideologia que justifica a organização desigual da sociedade ao afirmar que
grupos raciais ou étnicos são inferiores ou superiores, em vez de considerar
simplesmente diferentes, a qual tenta se impor como única e verdadeira
O
racismo é um comportamento, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio,
em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial observável por meio de
sinais, tais como cor da pele, tipo de cabelo, formato do olho etc.
Na
forma individual o racismo manifesta-se por meio de atos discriminatórios
cometidos por indivíduos contra outros, podendo atingir níveis extremos de
violência, como agressões, destruição de bens ou propriedades e assassinatos,
além dos efeitos psicológicos negativos para a pessoas.
Também, existe o racismo institucional, o qual consiste em práticas discriminatórias sistemáticas fomentadas pelo Estado ou com o seu apoio indireto.
Também, existe o racismo institucional, o qual consiste em práticas discriminatórias sistemáticas fomentadas pelo Estado ou com o seu apoio indireto.
O
racismo institucional pode se manifestar no isolamento dos negros em
determinados bairros, escolas e empregos, também, nos livros didáticos, quando
apresentam imagens dos negros de forma deturpada e estereotipada, além da
ausência do povo negro na história do Brasi.
Ainda,
esse tipo de racismo se manifesta nos meios de comunicação de massa (rádio, TV,
jornais e a internet), que insistem em retratar o negros de maneira indevida,
equivocada e invisível.
ETNOCENTRISMO
É
o sentimento de superioridade que uma cultura tem em relação a outra. Consiste
em acreditar que os valores próprios de uma sociedade ou cultura particular
devam ser considerados como universais, válidos para todas as outras.
O
etnocentrismo acredita que os seus valores e a sua cultura são os melhores, os
mais corretos e isso lhe é o suficiente.
Busca
evitar o outro, ou até mesmo transformá-lo ou convertê-lo, visto como
diferente, estranho ou até mesmo como um inimigo.
PRECONCEITO
RACIAL
É
um julgamento negativo e prévio que os membros de uma raça, de uma etnia, de um
grupo, de uma religião ou mesmo de indivíduos constroem em relação ao outro.
Trata-se do conceito ou opinião formado antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos.
Trata-se do conceito ou opinião formado antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos.
O
preconceito inclui a relação entre pessoas e grupos humanos e a concepção que o
indivíduo tem de si mesmo e do outro.
Ninguém
nasce com preconceitos: ele são aprendidos socialmente, no convívio com outras
pessoas.
DISCRIMINAÇÃO
RACIAL
Tratamento
desfavorável e arbitrário dado a uma pessoa ou grupo com base em
características raciais ou étnicas;
A
discriminação racial pode ser considerada como a prática do racismo e a
efetivação do preconceito. Tem na segregação, a sua forma mais radical.
ESTEREÓTIPO
É
a caracterização de um indivíduo ou de um grupo social feita a partir de
generalizações e de ideia superficiais criadas para definir seu comportamento e
características. Também, consiste na construção de uma imagem simplista
que não corresponde a realidade;
Com
relação aos negros e negras, através dos tempos, criaram-se visões
estereotipadas, consolidando ideias como: o escravo fiel, a mulata sensual, o
negro bandido, negra do cabelo duro e outras.
AÇÕES
AFIRMATIVAS
Consistem
em políticas de combate ao racismo e a discriminação racial mediante a promoção
ativa da igualdade de oportunidades para todos, criando meios para que as
pessoas pertencentes a grupos socialmente discriminados possam competir em
mesmas condições na sociedade.
Elas
podem ser entendidas como um conjunto de políticas, ações e orientações públicas
ou privadas de caráter obrigatório, facultativo ou voluntário que têm como
objetivo corrigir as desigualdades historicamente impostas a determinados
grupos sociais e/ou étnico/raciais com um histórico comprovado de discriminação
e exclusão.
Essas
ações podem ser estabelecidas na educação, na saúde, no mercado de trabalho,
nos cargos políticos, nos esportes e nos meios de comunicação. Nos setores onde
a discriminação deve ser superada e onde é constatado um quadro de desigualdade
e de exclusão.
As
políticas de ações afirmativas, têm como perspectiva a relação entre passado,
presente e futuro, pois visam corrigir os efeitos presentes da discriminação
praticada no passado.
LEIS
ANTIRRACISTAS
Constituição
Federal de 1988
Artigo
3º: Os
objetivos fundamentais da República são: IV – promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação;
Artigo
4º: A
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Artigo
5º: Todos são
iguais perante e lei, sem distinção de qualquer natureza;
Lei
das Cotas - nº
12.711, de 29 de agosto de 2012) obriga as universidades, institutos e centros
federais a reservarem para candidatos cotistas metade das vagas oferecidas
anualmente em seus processos seletivos;
Lei
10.639/03, alterada
pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura
afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do
ensino fundamental até o ensino médio.
REFERÊNCIAS/FONTES
CARNEIRO,
Maria Luiza Tucci. O racismo no Brasil: mito e realidade. São Paulo: Ática, 2007.
LOPES,
Nei. Dicionário Escolar Afro-brasileiro.
São Paulo: Selo Negro, 2006.
MUNANGA,
Kabengele e GOMES, Nilma Lino. O Negro
no Brasil de Hoje. São Paulo: Global, 2016.
SILVA,
Afrânio. Et alii. Sociologia em movimento. 1ª ed. Volume único, São
Paulo: Moderna, 2013.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed. Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2010.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed. Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2010.
Organização do texto: professor Luís Carlos Borges da Silva.
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