O golpe de estado que instaurou a ditadura militar no Brasil em
1964 completa 55 anos neste domingo (31). Após o ato, iniciou-se um regime de
exceção que durou até 1985. Nesse período, não houve eleição direta para
presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados
e houve censura à imprensa.
De acordo com a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram
mortas pelo regime ou desapareceram – somente 33 corpos foram localizados. Em
2014, a comissão entregou à então presidente Dilma Rousseff um documento no
qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e pelos desaparecimentos durante
a ditadura.
CONTEXTO HISTÓRICO DO GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964
O mundo vivia o auge da Guerra Fria – disputa bipolar entre EUA
(capitalistas) e URSS (socialistas)
Essa disputa se configurou principalmente através da Guerra do
Vietnã (1955-1975) e pela Revolução Cubana (1959).
No Brasil em 1961, Jânio Quadros toma posse como presidente. No
seu governo chegou a proibir o uso de biquínis nas praias do Brasil e
condecorou Ernesto Che Guevara.
EM 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou. Para seu vice
João Goulart assumir a presidência, os EUA articularam a implementação do
Parlamentarismo no Brasil, como forma de diminuir os poderes de Jango, uma vez
que o consideravam comunista.
Em 1963, aconteceu o plebiscito, quando o povo através do voto
direto optou pela volta do Presidencialismo no país.
O governo de Goulart apresentou em 1963 o Plano Trienal e as
Reformas de Base (agrária, administrativa, bancária, tributária, eleitoral e
educacional).
Eram a favor das Reformas os movimentos sociais como a UNE e a
Juventude Universitária Católica.
Contra as Reformas ficaram os setores tradicionais da Igreja
Católica, as forças armadas, a grande imprensa, alta burguesia e os
empresários.
Em 13 de março de 1964, em um comício na Central do Brasil (RJ),
com mais de 300 mil pessoas, Goulart assinou decretos para as Reformas de Base.
No dia 19 de março de 1964, setores contrários as Reformas
realizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com a presença de300
mil pessoas nas ruas de São Paulo.
Essa manifestação ajudou a criar o clima favorável à deposição de
João Goulart.
O GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964
A crise econômica e radicalização político-ideológica levaram ao
isolamento de Goulart.
Além da oposição dos governadores de Ademar de Barros (SP),
Magalhães Pinto (MG) e Carlos Lacerda (RJ), dos EUA, dos empresários, dos
militares e de setores da Igreja Católica.
Em 31 de março de 1964, o general Mourão Filho ordenou que suas
tropas marchassem de Minas Gerais para o Rio de Janeiro.
No dia seguinte o presidente do Congresso Nacional declarou a
vacância do cargo de presidente e deu posse ao presidente da Câmara dos
Deputados – Ranieri Mazzilli.
Temendo um banho de sangue, Jango não resistiu e seguiu para o Rio
Grande do Sul, depois Uruguai como exilado político.
Assim, entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, civis e
militares derrubaram o presidente da República, com o apoio dos Estados Unidos,
de setores conservadores da Igreja Católica, empresário e a alta burguesia.
Abaixo
constam as principais características do Regime Militar no Brasil, como forma
de alertar as pessoas para o que representou esse trite período na história do Brasil,
ao mesmo tempo, possibilitar uma reflexão para as conquistas que obtivemos nos
últimos anos, principalmente a democracia e a liberdade de pensamento e de
expressão, aspectos que nos foram negados durante a Ditadura Militar.
CARACTERÍSTICAS
DO REGIME MILITAR NO BRASIL– 1964 A 1985
Cassação
Política – os políticos que eram contra o Regime
tiveram seu mandato casado.
Voto
Indireto – o povo não podia votar para escolher
Presidente, Governador e Prefeitos de Capitais.
Bipartidarismo –
passaram existir apenas dois partido. O do governo – ARENA (Aliança Renovador
Nacional) e o da oposição aceitável – MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Fim
da Democracia – A forma de governar o Brasil, passou
a ser uma ditadura, o povo não podia fazer manifestações e nem protestar contra
o governo.
Exílio
Político – muitas pessoas que eram contra o
Regime tiveram que sair do país e viver exiliado, a exemplo de Caetano Veloso,
Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulo Freire, Leonel Brizola, Juscelino
Kubistchek, Valdir Pires, Fernando Henrique Cardoso e outros.
Fim
da liberdade de expressão e pensamento – as
pessoas não podiam expressar suas ideias e pensamento, principalmente se fosse
algo contra o governo. Foram proibidas greves, passeatas, manifestações e
reuniões, quem desobedecesses as ordens dos militares era preso e torturado. Os
estudantes foram os mais perseguidos.
Censura
– qualquer informação que fosse contra o
Regime era proibida a divulgação, muitos jornais tinham matérias censuradas,
também filmes, novelas e peças teatrais foram censuradas. Músicas, novelas,
reportagens, filmes, peças de teatro, livros, desenhos e modas foram
censuradas. Dentre as músicas censuradas podemos destacar: Pra Não Dizer Que
Não Falei das Flores (Geraldo Vandré), Apesar de Você (Chico Buarque),
O Bêbado e o Equilibrista (Elis Regina), Alegria, Alegria (Caetano
Veloso), Cálice (Chico Buarque e Milton Nascimento),
É Proibido Proibir (Caetano Veloso), Como Nossos País (Belchior),
Pare de tomar a pílula (Odair José) e outras.
Tortura –
as pessoas que foram contra o Regime e consequentemente presas eram torturadas,
através de choque elétrico nos órgão genitais, pau-de-arara, agressões físicas,
afogamento, palmatória, queimaduras, estupro coletivo, cadeira do dragão,
espancamento, simulação de fuzilamento, isolamento em locais inóspitos e
outras. Calcula-se que milhares de pessoas foram perseguidas e torturadas,
dessas 430 despareceram, segundo a Comissão da Verdade. Um dos maiores
torturadores foi o general Ustra, o qual contribuiu para a morte de 60 pessoas
e tortura de outras 500. A maioria das pessoas mortas e torturas foi jovens.
AI
5- Com o ato institucional nº 5 o
presidente ganhou plenos poderes para: fechar o Congresso Nacional, fazer leis,
casar políticos, interver nos estados e municípios, aposentar funcionários.
Também passou existir uma verdadeira repressão aos movimentos sociais
(estudantil, negro, feminista, sindical e outros) e as suas
manifestações.
Propaganda
Ufanista – Através dos meios de comunicação,
das escolas, músicas e do futebol, o Regime passava a ideia que tudo estava bem
no país. A vitória da seleção brasileira na copa de 1970 foi usada como
propaganda a favor dos militares. A rede Globo também ajudou nesse tipo de
propaganda. Os Slogan do Regime era: “ninguém mais segura esse país”. “Brasil:
ame-o ou deixe-o”.
DOPS
e DOI-Codi – Departamentos de Ordem Política e
Social e Departamentos de Operações Internas e Centros Operação de Defesa
Interna – serviam para prender e tortura as pessoas que o Regime considerava
subversiva, onde eram torturadas, sem que a família ou alguma autoridade fosse
informada.
Milagre
Econômico - plano econômico criado pelo
ministro da fazenda Delfim Netto, visando o crescimento do país, porém existiu
uma forte concentração de renda, exclusão social e aumento da pobreza.
Educação
tecnicista – o ensino era voltado apenas para a
formação de técnicos, era repressor e decoreba. As disciplinas de Sociologia e
Filosofia foram retiradas do currículo, no lugar dela surgiram OSPB e EMC. Os
Grêmios Estudantis foram extintos.
Dessa
forma, GOLPE MILITAR NUNCA MAIS.
Fonte:
http://www.professorborges.com.br/2018/10/ditadura-nunca-mais.html#.XKClsfZFzIU.
Acesso em 31/03/2019.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/03/31/55-anos-do-golpe-militar-de-1964.ghtml?fbclid=IwAR3jvwb0WV1oSkmJcvTEcjnwFvbsS-qjR2VlUmA4QAlR0kzCIPtV4VqStV8.
Acesso em 31/03/2019
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