Fernando Haddad nasceu em São Paulo, no dia 25 de janeiro de
1963, Filho de Khalil Haddad e de Norma Thereza Goussain Haddad
Graduou-se em direito em 1985, concluiu
mestrado em economia em 1990 e doutorado em filosofia em 1996. Todas essas
atividades foram realizadas na Universidade de São Paulo (USP). Exerceu a
advocacia, e a partir de 1990 foi professor de ciência política na USP.
Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores
(PT) em 1983. Então envolvido com o movimento estudantil, foi eleito presidente
do centro acadêmico de sua faculdade em 1985.
Marta Suplicy foi eleita prefeita de São Paulo nas
eleições municipais de 2000, pela legenda do PT. Durante a gestão, Haddad foi
convidado para atuar como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e
Desenvolvimento Econômico da Prefeitura, então sob o comando de João Sayad.
Ocupou o cargo entre os anos de 2001 e 2003, e enquanto chefe de gabinete
chegou a exercer interinamente a função de secretário.
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito
presidente da República nas eleições de 2002, pela legenda do PT. Durante sua
gestão, Haddad foi nomeado, em junho de 2003, assessor especial do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, então comandado por Guido Mantega. Nessa
função ele participou da elaboração do projeto das parcerias público-privadas
(que ficaram conhecidas como PPP’s). A iniciativa do governo federal
visava, mediante modificações na legislação que regula o tema, permitir a
realização de investimentos mistos por parte do Estado e da iniciativa privada
na área de infraestrutura. O projeto das parcerias público-privadas foi
finalmente aprovado em dezembro de 2004.
Em fevereiro de 2004, com a ida de Tarso Genro para
o Ministério da Educação, passou a exercer a função de secretário-executivo do
referido Ministério. Durante sua gestão, coordenou o grupo executivo que
elaborou o projeto de reforma universitária, defendida pelo governo federal.
Além disso, levou a cabo um dos projetos mais importantes ligados àquela pasta:
o Programa Universidade para Todos (ProUni).
O ProUni tinha como objetivo manifesto democratizar
o acesso à educação superior e, para isso, estimulou o ingresso de jovens de
baixa renda em universidades privadas através de isenções fiscais por parte do
governo federal às instituições de ensino. O projeto havia sido desenvolvido
por Haddad e apresentado aos empresários do setor ainda durante sua atuação no
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e teria sido inspirado em
projeto semelhante implantado durante o mandato de Marta Suplicy na Prefeitura
de São Paulo (Folha de S. Paulo, 13/7/05).
Em 29 de julho de 2005, Haddad assumiu o Ministério
da Educação, indicado pelo ministro demissionário. Sua atuação à frente do
Ministério foi marcada pela reivindicação da centralidade de todos os projetos
desenvolvidos pelo Ministério. Nesse sentido propugnou uma visão integrada e
sistêmica da educação, defendendo a igualdade em importância de todas as etapas
do ciclo educacional. Essa concepção representou uma continuidade com a gestão
de Genro, algo que se refletiu também na manutenção e desenvolvimento de
projetos que já haviam sido implantados pelo ministro anterior.
Em sua gestão Haddad seguiu desenvolvendo o ProUni,
ampliando através dele a oferta de vagas no ensino superior. A referida
ampliação de vagas se deu também através da criação e implantação de novas
universidades e campi (com isso criando novos cursos de graduação
e pós-graduação e contratando novos professores), buscando interiorizar a
oferta do ensino superior. Essas duas iniciativas citadas já haviam sido
implantadas na gestão de Genro. Outro projeto nesse sentido foi o do Fundo de
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), destinado a financiar
através da Caixa Econômica Federal (CEF) a educação superior de estudantes de
baixa renda matriculados em instituições privadas de ensino superior.
Desde que assumiu o Ministério, Haddad participou
diretamente da articulação para a aprovação pelo Congresso Nacional do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb). O fundo, após longos debates no Congresso
Nacional, foi finalmente aprovado em dezembro de 2006. Segundo o Ministério, o
novo fundo permitiu consolidar um repasse maior de recursos para a educação
básica (da creche ao ensino médio) aos estados e municípios. O Fundeb
substituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (Fundef). Entre as diferenças dos dois, deve-se
destacar que o Fundef financiava apenas o ensino fundamental, enquanto o Fundeb
garante e regula a destinação de recursos também para o ensino médio. Além
disso, o novo fundo recebe maiores recursos que o anterior, e os extrai de uma
base mais ampla de impostos e transferências dos estados e municípios.
Nas eleições de 2006, o presidente Lula foi
candidato à reeleição, pela legenda do PT, obtendo sucesso no pleito. Com o
início de seu segundo mandato, Haddad permaneceu ocupando o cargo de ministro
da Educação.
Em abril de 2007, o Ministério da Educação lançou o
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), conjunto de mais de quarenta ações
(algumas já em andamento na ocasião) com o objetivo de melhorar as condições do
ensino público, elaborado com a participação de setores da sociedade civil,
profissionais de ensino e especialistas. O lema do programa, “da creche à
pós-graduação”, reafirmou a visão “sistêmica” propugnada pela gestão de Haddad
e anteriormente pela de Genro. O PDE foi logo considerado como o “PAC da
Educação”, numa referência ao Plano de Aceleração do Crescimento implantado
pelo governo federal para impulsionar iniciativas de infraestrutura nacional.
A partir de então o PDE passou a reunir a maior
parte das iniciativas do Ministério. Entre elas, o programa propugnou: a nova
estruturação do ensino fundamental em nove anos; a criação do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – Ide-, indicador concebido para avaliar a
qualidade das escolas, com o estabelecimento de metas a serem perseguidas)-; a
expansão das escolas técnicas; a alfabetização de jovens e adultos, através do
Programa Brasil Alfabetizado; e o estabelecimento de um piso salarial nacional
para os professores.
Ainda no ano de 2007, lançou o Educacenso, censo
escolar realizado através da internet, tendo por objetivo recensear e
acompanhar alunos, professores e escolas de educação básica pública e privada.
As informações recolhidas anualmente desde então vêm sendo empregadas, segundo
o Ministério, numa implantação mais racionalizada das políticas de transporte
escolar, alimentação, distribuição de livros didáticos, saúde escolar, entre
outras. Os dados do Educasenso serviriam de base também para o cálculo do Ideb.
Durante sua administração buscou-se implantar
processos de avaliação do ensino (cujos resultados seriam divulgados
publicamente) e desenvolver metas para o setor. Foi criada a Provinha Brasil, a
fim de avaliar a alfabetização de alunos no segundo ano do ensino fundamental e
mapear eventuais dificuldades de alfabetização a tempo de serem revertidas.
Idem para a Prova Brasil, que, por sua vez, analisaria o desempenho em língua
portuguesa e matemática dos alunos do ensino básico, enquanto o Exame Nacional
de Desempenho de Estudantes (Enade) avaliaria o rendimento dos alunos dos
cursos de graduação, tendo substituído o método de avaliação conhecido como
“Provão”, implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Por fim, o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) avaliaria o desempenho dos alunos do
ensino médio nas principais disciplinas oferecidas nesse ciclo.
Sob a gestão de Haddad na pasta ministerial, o Enem
tornou-se principal referência para a aprovação de candidatos no sistema universitário,
apontando na direção de uma possível transformação em longo prazo do modelo
vigente até então, baseado nos vestibulares. Dada a extensão do exame e
abrangência de seus resultados, porém, o Enem suscitou algumas polêmicas, sobre
as quais Haddad precisou prestar esclarecimentos. Assim o foi em 2009, quando o
vazamento da prova demandou o seu adiamento e o afastamento do presidente do
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP), bem como em 2010, ocasião
na qual uma parte das provas precisou ser reaplicada.
Em 2011, foi avalizado pelo PT enquanto possível
pré-candidato a prefeito de São Paulo no pleito a ser realizado no ano
seguinte. Recebeu o apoio de diversos diretórios do partido e do ex-presidente
Lula, mas teria enfrentado alguma resistência por conta da pretensão da
senadora e ex-prefeita paulistana Marta Suplicy pleitear o posto. No mês de
Novembro, com a desistência dos demais pré-candidatos do partido, dispensando a
realização de prévias internas no partido, antes agendadas para o fim do mês, o
ministro foi confirmado como candidato. Para dedicar-se ao tento, deixou a
pasta na ocasião da reforma ministerial promovida pela presidente Dilma
Rousseff em Janeiro de 2012, quando foi sucedido por Aloízio Mercadante.
Em coligação intitulada ‘Para Mudar e Renovar
São Paulo’, composta por PT, PSB, PP e PC do B, a chapa
inicialmente teria como candidata a vice a ex-prefeita Luisa Erundina, que,
entretanto, desistiu do tento alegando desconforto com o apoio de Paulo Maluf à
candidatura do petista. O partido de Erundina, o PSB, porém, manteve o apoio,
mas o posto de vice passou a ser ocupado por Nádia Campeão, do PC do B.
Entre os principais candidatos em disputa naquele
pleito, estavam: Paulinho da Força Sindical, pelo PDT; Soninha Francine, pelo
PPS; Gabriel Chalita, do PMDB; José Serra, do PSDB; e, Celso Russomano, do PRB.
Em Julho, quando divulgadas as primeiras pesquisas de intenção de voto, o
candidato petista aparecia apenas como o quarto mais citado, atrás de
Russomano, Serra e Chalita, respectivamente. Quando oficializadas e
intensificadas as campanhas e iniciada a exibição do Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral, porém, tal cenário se reconfigurou, com pesquisas
chegando a apontar, às vésperas do pleito, para um empate técnico entre
Russomano, Serra e Haddad.
As respectivas campanhas contaram inicialmente com
uma polarização da disputa entre PT e PSDB, com referências às últimas gestões
dos partidos no município e também na pasta ministerial ocupada por Haddad no
âmbito nacional. Com o descolamento do candidato do PRB, entretanto, ao fim da
corrida eleitoral, Serra e Haddad passaram a buscar desconstruir o programa de
governo de Russomano, sobretudo quanto aos aspectos de viabilidade das
propostas e seu caráter religioso. Obtiveram aparente êxito, e, na ocasião do
pleito, foram ao segundo turno, tendo o tucano recebido 30,75% dos votos
válidos e o petista, 28,98%.
Para o segundo turno, Haddad recebeu o apoio de
Gabriel Chalita, que obteve a quarta maior votação no pleito e que havia sido
candidato pelo PMDB, membro da base de apoio ao PT no âmbito do governo
federal, enquanto Celso Russomano declarou-se neutro da disputa. Revertendo o
resultado obtido no primeiro turno, Fernando Haddad obteve 3.387.720 votos,
correspondentes a 55,57% do total de votos válidos e, em 28 de Outubro de 2012
elegeu-se prefeito da capital paulista.
Empossado em Janeiro de 2013, comprometeu-se com a
renegociação da dívida com a União, a elevação da qualidade dos serviços
públicos e a elaboração e implementação de um novo plano diretor para a cidade.
Haddad foi consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE)
da USP e, em 2015, retomou a atividade docente paralelamente ao exercício do
mandato. Fez parte do conselho editorial da Editora Fundação Perseu Abramo e de
periódicos, tais como Teoria e Debate.
Publicou diversos artigos acadêmicos e livros,
entre eles O sistema soviético (1992) e Em defesa do
socialismo (1998). Com Ricardo Antunes, Gilmar Carneiro e Gilmar Mauro
publicou Sindicatos, cooperativas e socialismo (2003).
Casado com Ana Estela Haddad, têm dois filhos.
FONTE: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/haddad-fernando.
Acesso em 12/09/2018.
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