Em fevereiro deste ano, a estudante de História da Universidade do Estadual de Feira de Santana (UEFS), Ânila Teresa Santana Fratelis, apresentou seu TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado: FILHOS E FILHAS DO MESMO SANTO: CULTO AOS SANTOS E UM JEITO DE SER CATÓLICO NA COMUNIDADE RURAL DE QUEIMADAS (1970-1990), quando realiza uma qualifica pesquisa historiográfica acerca das prática Católicas na localidade de Queimadas, município de Governador Mangabeira –Bahia, entre as décadas de 1970 a 1990.
Um dos três capítulos da
monografia é dedicado a figura da senhora Carmelita Pereira dos Santos, a
qual "costumava exercer uma influência significativa, principalmente
a partir de suas práticas e atividades curativas, lançando mão do auxílio dos
Caboclos e Orixás (...) Decorrente de suas atividades filantrópicas e de seus
dons de mediunidade a senhora Carmelita acabou se constituindo como uma figura
importante não só no campo religioso de Queimadas, isto é, ela era respeitada e
reconhecida em toda a região do Recôncavo e adjacência"(FRATELIS, 2018,
pp. 53-59).
Ânila Teresa Santana
Fratelis, nasceu na localidade de Queimadas, município de Governador
Mangabeira, cursou o ensino médio no Colégio Estadual Professor Edgard Santos
(CEPES), licenciou-se em História pela UEFS em 2018, atualmente está fazendo o
mestrado em história por essa mesa Universidade, ampliando suas pesquisas sobre
práticas católica no mencionado município. Na elaboração do seu TCC,
Ânila contou com a orientação da Professora Elizete da Silva (UEFS), que
juntamente com as historiadoras Alaíze dos Santos Conceição (UNEB), também mangabeirense e Daiane
Pires Pereira (UEFS), formaram a banca de defesa do seu Trabalho de Conclusão
de Curso.
De maneira muito
solicita e gentil, Ânila enviou a redação do nosso blog uma resumo de sua
monografia:
"Na pesquisa intitulada de Filhos e filhas do mesmo santo:
culto aos santos e um jeito de ser católico na comunidade rural de Queimadas
(1970-1990) faço uma discussão sobre as práticas Católicas, tais como culto
aos Santos, procissões, penitências e uso de folhas nas atividades de cura.
Essas práticas compõem os diversos modos de ser Católico na comunidade rural de
Queimadas, em Governador Mangabeira. Os fiéis Católicos de Queimadas se
relacionavam com o sagrado principalmente a partir do culto aos Santos,
entidades como Santo António e São Roque são emblemáticas dentro da comunidade,
recebendo uma série de louvores, cantos e oferendas.
A partir dessas devoções
que os leigos da comunidade disputavam seu espaço dentro do campo religioso
católico, mobilizando seus conhecimentos sobre rezas, louvores e práticas terapêuticas.
Esses homens e mulheres conquistaram um espaço no campo religioso local
mantendo relações de proximidade com o universo religioso afro-brasileiro, de
forma criativa e natural esses fiéis se relacionavam com o universo mágico-
religioso de tradição africana, mas ao mesmo tempo, seguiam as doutrinas do
Catolicismo oficial, tentando se afastar, ao nível do discurso, tanto quanto
possível, das religiões afro-brasileiras.
É necessário destacar a
figura das mulheres como importantes agentes religiosos, eram elas que dirigiam
os cultos e puxavam as rezas, além de serem grandes conhecedoras das folhas
medicinais. A figura da médium Carmelita ganhou bastante espaço dentro do
imaginário e da vida dos homens e mulheres da região do Recôncavo, esta se
destacava como uma grande líder religiosa que levava alento para o corpo e para
alma daqueles que a procuravam. Dessa maneira percebemos que a figura feminina
era de extrema importância para a manutenção da vida religiosa da comunidade
rural de Queimadas".
Em outros trechos de seu TCC, a historiadora Ânila Teresa Santana
Fratelis, utilizando de fontes orais, ressalta com propriedade as atividades
desenvolvidas pela senhora Carmelita, principalmente no sentido do apoio
religioso e para a cura de algumas enfermidades através do uso das plantas
medicinais de muitas pessoas, bem como o respeito que a mesma alcançou na
localidade de Queimadas e adjacências. Vejamos alguns desses trechos.
“Em ambas as narrativas Dona
Carmelita aparece como uma mulher que ao desenvolver suas atividades costumava
ser extremamente assertiva, de maneira que recorrer a medicina
institucionalizada, a partir da consulta medica, se tornava totalmente
dispensável, ou quando estas aconteciam, de acordo com o depoimento de Dona Mundinha,
era apenas para comprovar o receituário já indicado pela médium. Por conta
dessa sua capacidade de acertar em seus diagnósticos esta líder acabou ganhando
fama e atraindo pessoas da comunidade e adjacências”. (FRATELIS, 2018, pp.
54-55).
“Por conta desse dom e
dessa capacidade de acertar, construiu-se sobre a figura de dona Carmelita a
imagem de uma mulher forte e que detinha um dom inigualável no espaço do
Recôncavo. Para além disso, em um período em que a medicina institucionalizada
era de difícil acesso, principalmente para as comunidades e sujeitos pobres de
cidades interioranas, como era o caso de Governador Mangabeira, a presença de
mulheres que detinham dons como o de Dona Carmelita representava fios de
esperanças para aplacar as dores e os sofrimentos dos mais pobres”. ((FRATELIS,
2018, pp. 55).
“As fontes orais indicam
de maneira explicita o quanto a Médium Carmelita tinha prestigio e respeito na
comunidade. Ainda hoje, sobrevive no imaginário da comunidade a imagem de força
e caridade, indicando que os longos anos cuidado dos males do corpo e do
espirito dos moradores da comunidade e região, foram de extrema importância,
inclusive, para a sobrevivência de alguns”. ((FRATELIS, 2018, p. 59).
Ânila, também no segundo capítulo da sua rica produção
historiográfica, menciona a devoção de Dona Carmelita pelo santo católico – São
Roque, com vinculações “sincréticas” ao orixá do candomblé Obaluaê, quando eram
realizadas diversas festividade, culminando em uma procissão que saia da
comunidade de Queimadas para a localidade de Bonsucesso.
“Carmelita dos Santos nasceu em 18 de fevereiro de 1920, e era
vista pela população local e de territórios adjacentes como uma grande líder
espiritual extremamente influente, esta, costumava promover uma procissão em
homenagem mutua a São Roque e ao Orixá Obaluaê que atraia grandes quantidades
de pessoas. Conforme Alaize Conceição, a homenagem mutua a São Roque e ao Orixá
Obaluaê costumava acontecer no mês de agosto e o número de participante excedia
o de 500 fies. Nos depoimentos colhidos os entrevistados apontam a presença de
cerca de 1000 pessoas” (FRATELIS, 2018, p. 49).
"Parabenizo a Ânila, pela brilhante produção textual, uma pesquisa historiográfica relevante acerca das práticas católicas na localidade de Queimadas - Governador Mangabeira, bem como, a valorização das ações religiosas e sociais desenvolvidas pela senhora Carmelita, pessoa maravilhosa - minha madrinha de batismo, por quem tenho até hoje uma grande respeito. Ânila, realiza em sua monografia uma significativa discussão acerca das identidades e do pertencimento da localidade de Queimadas, espaço do qual, assim com Ânila sou natural. Espero que o exemplo de Ânila, sirva de exemplo para outros jovens de nossa cidade. Parabéns!!!", salientou professor Borges.
Fonte:
FRATELIS, Ânila Teresa Santana. Filhos e Filhas do Mesmo Santo: Culto aos Santos e um Jeito de ser Católico na Comunidade Rural de Queimadas (1970-1990). Monografia. Feira de Santana: UEFS, 2018.
"Parabenizo a Ânila, pela brilhante produção textual, uma pesquisa historiográfica relevante acerca das práticas católicas na localidade de Queimadas - Governador Mangabeira, bem como, a valorização das ações religiosas e sociais desenvolvidas pela senhora Carmelita, pessoa maravilhosa - minha madrinha de batismo, por quem tenho até hoje uma grande respeito. Ânila, realiza em sua monografia uma significativa discussão acerca das identidades e do pertencimento da localidade de Queimadas, espaço do qual, assim com Ânila sou natural. Espero que o exemplo de Ânila, sirva de exemplo para outros jovens de nossa cidade. Parabéns!!!", salientou professor Borges.
Fonte:
FRATELIS, Ânila Teresa Santana. Filhos e Filhas do Mesmo Santo: Culto aos Santos e um Jeito de ser Católico na Comunidade Rural de Queimadas (1970-1990). Monografia. Feira de Santana: UEFS, 2018.
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