Números alarmantes ainda mantêm desleal a luta das mulheres no mercado de trabalho, por isso cada vez mais verifica-se lideranças femininas em empreendimentos próprios na tentativa de abrir novas oportunidades. Ainda hoje as Mulheres recebem, em média, salários 30% menores que os homens quando ocupam os mesmos cargos e com a mesma formação.
Para as mulheres negras o cenário é ainda pior: recebem menos de 60% dos salários dos homens brancos e possuem renda média mensal 40% menor que a renda média das mulheres brancas. No Brasil em 2017 destacou-se um aumento de 11% para 16% do número de CEOS mulheres em grandes empresas, no caso das mulheres negras esse número não alcança 1%.
Nota-se o esforço das empresas na tentativa de inclusão e ações pró diversidade. Historicamente, mudanças estruturais acontecem a partir de pioneirismo e a transgressão de valores hegemônicos, por isso o Dia Internacional da Mulher é um momento para diálogos e intervenções sobre, por exemplo, a ínfima participação de mulheres na política pública (cerca de 10%). Mesmo com cotas nas eleições estas “vagas” são preenchidas por candidatas fantasmas, pois os partidos em sua maioria, não corroboram para estas campanhas e muito menos as engajam em seus projetos. Nas corporações públicas e privadas, os cargos de liderança e diretorias são de predominância masculina, mesmo as Mulheres tendo maior nível educacional, estudos comprovam que seriam necessários 80 anos para equiparar representação feminina em comitês executivos de grandes empresas.
A situação piora quando se trata de outros grupos sociais que possuem restrições além das de gênero. Mulheres Negras e Mulheres Trans não estão contempladas nos números de ascensão da participação feminina nas empresas. Enquanto mulheres brancas sempre foram representadas na mídia como exemplo de beleza para instigar consumo de bebidas e cigarros, ou serem o “rostinho da próxima novela” que sempre coloca a mulher em papéis estigmatizados, as Mulheres Negras e Mulheres Trans nunca são humanizadas e sim, produtos ditos exóticos para certos nichos. Nos estudos atuais sobre Inovação e Competências esbarra-se na questão da diversidade como algo que urge na seara para equiparação social, em uma nova geração voltada para conexões em redes digitais, times de competências/habilidades diversas e horizontais, onde as diferenças agregam para resultados efetivos.
A partir dos estudos do Instituto Avon e da ONU Mulheres fica bastante explicitado que a violência contra as Mulheres (43% são agredidas em casa e 71% são agredidas por pessoas conhecidas) é um grande obstáculo para a sustentabilidade da carreira das mesmas no mercado de Trabalho.
Apenas 13% das vítimas de violência doméstica denunciam seus agressores, e acabam levando o problema para dentro das empresas onde também não encontram assistência. A Lei Maria da Penha e órgãos de regulamentação e combate obtiveram grandes avanços com as Delegacias das Mulheres e outros projetos de assistência, no entanto enquanto o feminicídio de mulheres brancas diminuiu quase 10%, o de mulheres negras aumentou em 54% no mesmo período. Mulheres Negras são 69% das mulheres mortas por agressão.
Para quem essas políticas públicas são direcionadas? Como e onde são disseminadas essas informações e o atendimento nestes órgãos quando se trata de grupos de maior risco? A saúde pública em no país é precária mas quando se trata de atendimento à população negra, o serviço também é discriminatório: mulheres negras recebem menores doses de medicamentos e são colocadas “no final da fila”: 63% das vítimas de mortalidade materna no país são negras; somente 27% delas tiveram acompanhamento durante o parto.
Diversidades além de gênero faz parte da programação de dois dos eventos em que o Movimento Black Money está envolvido neste Mês da Mulher: o Networking 4.0 que acontece hoje em São Paulo, idealizado por Marc Tawil (Top Voice Brazil LinkedIn) onde convidados de peso falarão sobre Transformação Digital e Diversidade, entre eles Nina Silva, presidente do MBM. Já no dia 21 de Março, será realizado no CUBO uma palestra onde Nina Silva dissertará sobre Liderança e Diversidade a partir de uma iniciativa da Thoughtworks e apoio do MBM.
“Democratização de educação qualificada e circulação de riquezas dentro do próprio grupo torna a emancipação uma realidade acima das discriminações. Os cursos e atividades do MBM têm sido pensados e realizados para o desenvolvimento do mindset de inovação e empreendedorismo para a população negra. Incluir esta população, principalmente as mulheres negras nos mercados de tecnologia, gestão e finanças (áreas predominantemente brancas, masculinas e heteronormativas) é prioridade para o Movimento Black Money” – diz Alan Soares, fundador do MBM.
“O Movimento Black Money apoia todas as lutas por equidades sociais e econômicas, no entanto foca na maioria da população brasileira que é afrodescendente, com estratégias de atuação em ‘dores’ que são de vivência própria pois o protagonismo de cada luta deve ser representado por quem integra o grupo em questão. O genocídio da população negra tem alvo: o homem negro mas a Mulher Negra é dilacerada e desestabilizada por esse índice por se tratar de seu coletivo. Por isso os projetos possuem metas de participação de negros e mulheres, além de uma comunicação inclusiva e não de combate entre gêneros” – complementa Nina Silva.
Fonte: https://www.geledes.org.br/dia-internacional-das-mulheres-dados-revelam-desigualdade-nao-so-de-genero-mas-tambem-de-raca/
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