A 26 de julho de 2013 Evo Morales Ayma, presidente do estado plurinacional da Bolívia pronunciou um discurso estarrecedor diante dos poderosos europeus, chefes de Estado e dignatários da Comunidade Européia e outros sobre a dívida que eles, os europeus, contrairam sem nunca terem pago um centavo sequer com a América indígena mediante um espantoso saque de sua riqueza:185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata entre os anos 1503-1600. Sabemos pelos historiadores que essa surripiada riqueza indígena serviu de base para a introdução e consolidação do sistema capitalista europeu e do bem estar que puderam propiciar a suas populações. Sempre à custa da expoliação dos bens naturais destas terras conquistadas, além do ouro e da prata, as madeiras, o açucar, o fumo, os corantes entre outros bens. Essa dívida nunca foi reconhecida. E o discurso sereno e humilde de Evo Morales que calou fundo nas consciências dos ouvintes, deixando-os mudos e cabisbaixos, foi boicotado pela imprensa internacional e também nacional dos vários países latino-americanos. Mas finalmente, agora, anos depois, veio à luz. É importante ouvir esta voz indígena. Fala serenamente, sem rancor e espírito de vingança, apenas com alto sentido ético de justiça e de compensação histórica.Ela nos revela parte de uma história construída sobre a perversidade e a exploração de inteiros povos originários, deixando marcas e feridas até os dias de hoje. No Brasil ocorreu o mesmo processo e, de certa forma, continua ainda pelos descendentes da Casa Grande que se aproveitam da crise atual para drenarem para suas riquíssimas contas grande parte da renda nacional.
Eis o comovente discurso de Evo Morales: Diálogos do Sul • Publicado em: 26/07/2013.
“Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião.
Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos.
Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.
O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a vender-me.
O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também posso reclamar juros. Consta no Archivo de Indias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu Sétimo Mandamento.
Expoliação? Guarde-me Tanatzin (a Mãe Terra) de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!
Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos!
Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos. Não
Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.
Tão fabulosa exportação de capitais não foram mais que o início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização.
Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano Internacional? Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.
Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.
Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam, calculados em sangue?
Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo.
Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indoamericanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica.
Fonte: carosamigos.com.br
113 Comentários
Uma excelente matéria, que aborda um tema muito interessante, tendo como tema o saque dos europeus aos bens da América indígena .Com a colonização dos europeus a América teve seus pros e contras como por exemplo de uma vantagem seria seria a influencia que tivemos dos europeus e como isso nus ajudou a se desenvolver mais rápidos , um exemplo de desvantagem a morte de milhares de indígenas e a extração de minérios trazendo assim enorme prejuízo a alguns países colonizados . Segundo o texto se os europeus fossem pagar tudo que que nus tirou ou seja quitar essa divida histórica seria em um valor muito alto '' que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.'' isso é muito mais provavelmente seria mais porque eles extraiam outros tipos de recursos , e teriam que pagar com juros pelas dificuldades que passamos e pelo tempo que perdemos.
Uma boa matéria, Onde é abordado o discurso de Evo Morales, que citar toda exploração feita pelos Europeus sobre a América Indígena, mostrando todo saque e aproveitamento da América sem nenhum acerto de contas, em seu discurso também é mostrado que grande parte dos itens explorados como, madeira, açúcar, corantes e principalmente metais preciosos serviu de base para introdução e consolidação do sistema capitalista Europeu, que é utilizado nos dias atuais, fazendo então uma critica ao enriquecimento da Europa nas custas da América.
José Gabriel 2ºAno[A]
Daniel Costa 2B
Excelente matéria. Evo Morales nos traz em fatos, a exploração feita pelos Europeus e que hoje, vemos e continuaremos a ver o resultado do "saque" que fizeram em terras indígenas. Sabemos que, os 185 mil quilos de ouro e os 16 milhões de quilos de prata, foram exportados com o intuito de lucro, o modo capitalista fora enriquecida escorando-se totalmente nas terras indígenas americanas. Vemos hoje, que, todos os territórios que foram explorados, se mantém em uma decadência chata, resultado do ocorrido de 1503 e que se alastrou por anos. Evo Morales alega que, deveria sim, ocorrer uma devolução dos metais preciosos que foram arrancados daqui. Seria o mínimo, comparado ao que fizeram a quase Quinhentos anos atrás.
2 ANO B.
Ótima matéria, que cria questionamentos sobre o assunto, por exemplo, como essa dívida com o povo indígena e com a natureza será paga? Milhares de pessoas morreram por causa de doenças ou tentando defender seu território dos invasores, animais perderam seu habitat, por causa da destruição da natureza para exploração do pau-brasil, de metais preciosos, e para o cultivo da cana-de-açúcar. Como poderão pagar pelas vidas destruídas?
Evo Morales apresenta essas questões, ele fala sobre indenização pelo que foi roubado e destruído a quinhentos anos atrás.
***FELIPE SANTIAGO ESL, 2° ANO B***
(Mayana Carolina,2 ano A)
Allan Victor 2º B
Ótima matéria. O discurso proferido pelo presidente boliviano Evo Morales reacende uma questão pouco comentada: o fato dos europeus terem amplamente explorado as riquezas européias e até hoje não terem quitado à dívida, vivendo esses países em completo luxo enquanto os descendentes indígenas como a Bolívia vivem contraindo dívidas e enfrentando dificuldades. O professor Leonardo Boff ressaltou outra polêmica, desta vez em terras tupiniquins de que os senhores de engenho escravizaram os negros que até hoje não foram recompensados. Um dívida grande. Podemos tomar por exemplo também o fato de empregadas negras trabalharem por anos e anos a fio em casas de família e nem sempre sendo recompensadas pelo seus serviços, muitas vezes são expulsas até.
As riquezas indígenas, como por exemplo, o ouro, a prata, o fumo e outras, serviu como base do capitalismo europeu e proporcionou o bem estar das populações europeias e não dos próprios nativos, o que nos faz pensar em como eles pagaram essa divida gigantesca que não abrange somente valores matérias.
Hoje em dia não é muito diferente , muitos ainda se aproveitam dos menos favorecidos para obter mais privilégios.
Essan Lima, 2º ano A
É uma ótima matéria, o discurso de Evo Morales me deixou em uma reflexão sobre a exploração espanhola sobre a América Indígena a partir do século XVI. A América Indígena serviu como base de lucro para o capitalismo Europeu da época, como por exemplo o fato de exportarem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata para a Europa, apartir de 1503. O resultado desse saque ainda vemos nos dias de hoje, basta observar crises nos países que foram colonizados pelos europeus, é um efeito da exploração daquela época, que era o melhor meio de sustentabilidade econômica, fora também o “sangue derramado” dos indoamericanos que viviam ali, que morriam seja por guerras ou pelos trabalhos escravos que eram submetidos. Evo Morales alega que deveria ocorrer uma indenização pelas destruições e prejuízos que seria o mínimo para sessar uma pequena parte dessa eterna dívida.
Yan Ushinohama 2ºAno [A]
Uma matéria muito boa, que nos faz refletir sobre um assunto muito polêmico, que foi a exploração de europeus sobre os índios. Evo Morales trouxe essa questão de uma forma mais leve, para evitar discussões e levar a reflexão de todos. O fato é que, por muito tempo os índios foram explorados não só pelo lado material (cerca de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata), mas, em todos os sentidos, o lado físico e até mesmo a sua cultura, muitos foram assassinados, estuprados e obrigados a viver de acordo com o que os europeus queriam. Mesmo com tanta riqueza extraída, o dinheiro foi gasto de forma errada, grande parte em caprichos e em lutas que não levaram a nada. Lembrou também em seu discurso que, mesmo com todo o sofrimentos dos índios, não se foi cobrado nada em troca, nenhuma indenização e nem algo parecido. Nos faz refletir também em como isso continua acontecendo em alguns lugares hoje em dia, talvez não tanto quanto naquela época, mas na intenção de tirar proveito em cima de outras pessoas.
Jamila Felix/ 2 ano A
Matéria excelente, que nos faz ter uma ótima reflexão sobre a exploração que os europeus fizeram aos indignas na época do descobrimento e anos depois de mais de 185 mil quilos de ouro, equivalem hoje a vinte e dois bilhões e setecentos e cinquenta e cinco milhões de reais, já os 16 milhões de quilos de prata correspondem a novecentos e vinte e oito bilhões de reais, sem falar da exploração de madeiras, açúcar, fumo, entre outros bens da terra dos indignas. E ao pensarmos da economia mundial dos dias de hoje essa exploração continua não da mesma forma nem proporção que foi entre os anos de 1503-1660, mas de uma por meio de tecnologias e a cada dia mais investimentos de grandes indústrias internacionais para explorar os bens matérias e mão-de-obra. E por esse motivos a essa enorme desigualdade no mundo.
NICOLE RIBEIRO, 2 ano A
Evo Morales abordou um tema interessante e importante ao falar o seu discurso em relação a exploração dos europeus nas terras Americanas e por conta disso a Europa ,se tornou um grande símbolo de poder econômico no mundo inteiro e é Evo fala sobre algo relevante , que é como ficou o povo explordado , simplesmente eles saíram lesados pois se essas riquezas como ouro e prata mudaria o cenário econômico atual dos países americanos
Fiquei impressionada com a coragem de Evo Morales, presidente da Bolívia e descendente da população indígena da América do Sul, que discursou perante a Comunidade Européia, resgatando, com embasamento histórico, o grande "empréstimo" feito pela Europa para a consolidação do seu sistema capitalista. De forma sarcástica e irônica, Evo Morales cobrou esse empréstimo de "apenas" 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, que atualmente daria um valor aproximado de 953 bilhões de reais. Juntamente a essa cobrança, não somente financeira mas de ressarcimento moral, o presidente boliviano sabiamente confrontou a exploração histórica com as marcas deixadas nos dias atuais. Faz-se necessário a reflexão a cerca de como os discursos eloquentes de construção histórica e do atual cenário político vem sendo boicotados ou suprimidos até os dias de hoje. Presumo que o interesse por textos e documentários procedentes são o primeiro passo para a conscientização e tomada de ações coletivas no enfrentamento a submissão da política econômica.
-Laura Rocha 2ºAno[A]
Luiz Cláudio Soares Dos Santos Filho 2° ano B
-Marco Antônio Alves, 2º ano B.
Mateus Nascimento 2anoA
Ótimo texto, me fez refletir demais! O discurso de Evo me pareceu verdadeiro, com conhecimento transmitido.
Não é atoa que nunca antes um presidente boliviano ficou tanto tempo no poder. Evo foi o primeiro presidente indígena da Bolívia e os povos de origem indígena representam mais da metade da população boliviana. E ao ler esse artigo, relacionei isso com ele querer lutar para querer o bem da sua origem, não pensando no "individual" e sim no "coletivo", isso facilita para ele ter o apoio dos bolivianos.
A matéria foi focada nos 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata entre os anos 1503-1600, deveria também comentar sobre as doenças que os europeus trouxeram aos nativos americanos, tipo a varíola; também poderia falar sobre as guerras entre os colonos e nativos que deixaram milhares de mortos; sobre os primeiros fazendeiros europeus que fizeram dos índios, escravos. Isso tudo me fez pensar que a América indígena, um lugar tão rico em bens naturais, em terras, ouro, prata, madeira, açúcar (como traz no texto) e em cultura saiu desse jeito, que houve um desenvolvimento tão desigual do sistema capitalista! A Europa, por meio da exploração, tornou-se desenvolvida e tão forte tanto na economia, quanto na parte militar e por fim a América acaba desse jeito, considerada subdesenvolvida, onde podemos ver também muita miséria e fome quando comparada aos EUA. Outra coisa, a dificuldade não se deu apenas pelo povo América, se deu pelo terceiro mundo todo, pois foram todos vítimas da exploração européia.
EVANDRA 2°Ano A
Como consequência da exploração teve massacre de milhares de índio, ocupação de suas terras e poluição ambiental, um território que antes pertencia ao 5 milhões de indígenas e era fonte de subsistência passou a ser explorado de maneira nem um pouco razoável pelo Europeus.
No entanto ao relacionar o período colonial com a situação capitalista mundial, percebe se uma grave crise nos territórios que foram colonizados pelo Europeus.
Enfim uma coisa é certa, o capitalismo e o Estado são, ainda hoje, os fundamentos de nossa sociedade de dominação e exploração, constituindo para todos os países do mundo civilizado, um único problema universal. Portanto ainda é o nosso ideal: a emancipação total e definitiva da exploração econômica e do jugo do estado.
Emily Alves 2º ano A
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