O índio Pataxó Emerson Braz, de 13 anos, que esperava uma doação de
sangue para realizar uma cirurgia de coração, passa pelo procedimento
nesta segunda-feira (14), no Hospital Martagão Gesteira, em Salvador. Há
mais de dois meses o jovem aguardava quatro bolsas de sangue
necessárias para a realização da operação. O tipo do sangue dele é "O positivo", que segundo os médicos é um dos
mais comuns entre os brasileiros. A dificuldade em encontrar um doador
compatível é que o sangue dele tem um sistema de grupo sanguíneo chamado
"Diego B negativo", que é raro na maioria da população brasileira. "O mais conhecido dos grupos sanguíneos é o sistema A B O. Existem
outros sistemas que não são conhecidos que também são importantes na
hora de transfusão. Tem um sistema de grupo sanguíneo chamado Diego. Tem
o A e o B. Cada um pode ser positivo ou negativo. Ele [o índio] tem o
Diego negativo, que é muito raro na população em geral, é mais comum em
índios e asiáticos. Essa é a dificuldade. No sistema A B O, ele [o
índio] é O positivo. Além de ser O positivo ele tem o sistema Diego
negativo", afirma o hematologista Marinho Marques, diretor de
hemoterapia da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba).
Duas bolsas do sangue foram encontradas em Marília, no interior de São Paulo, e as outras duas em Eunápolis, no sul da Bahia.
Problema cardíaco
O índio Pataxó Emerson Braz mora na aldeia Jitaí, em Porto Seguro.
A mãe de Emerson, a índia pataxó Evani Cardoso Braz, conta que o menino
começou a apresentar sintomas do problema no coração há cerca de quatro
meses. "Ele começou a sentir umas dores e ter falta de ar, não
conseguia dormir direito. Levamos ele para um hospital em Itamaraju
[cidade no sul da Bahia] e ele foi transferido para Salvador para fazer
exames", afirma.
Foi no Hospital Martagão Gesteira, localizado no bairro do Tororó, na
capital baiana, que o garoto indígena recebeu o diagnóstico. A unidade é
especializada no tratamento de crianças com problemas no coração.
Emerson tem um problema em uma das válvulas do coração que dificulta a
circulação do sangue. O nome da doença é valvulopatia. Enquanto não
realizava a cirurgia, a saúde de Emerson foi controlada por remédios.
"Ele não pode correr, brincar como antes, fica mais em casa agora.
Sinto que o coração dele não bate igual ao nosso. O coração dele é
acelerado. Às vezes eu ficou preocupada porque aqui é muito difícil,
demora para chegar socorro. Eu tenho muita esperança de conseguir que
ele faça essa cirurgia", disse a mãe do menino, antes das bolsas de
sangue serem recebidas.
Emerson é o segundo de quatro filhos da índia Evani, que tem 32 anos.
Ela conta que não trabalha, que a família vive da agricultura de
subsistência na aldeia Jataí e os remédios usados por Emerson são doados
pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Fonte"G1/Bahia"
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