Na Rua Osvaldo Neves, em Periperi, subúrbio de Salvador, um riacho de água turva e fétida traceja pelo centro da via de barro, dividindo casas às margens esquerda e direita, das quais, muitas nele ainda despejam seu esgoto. “Vai direto para o rio”, conta Maria das Graças, 42 anos, moradora do local há dez. Mãe de uma filha de 11 anos, Maria reside em um dos 1.650.615 domicílios na Bahia sem esgotamento sanitário adequado, segundo Censo 2010 do IBGE, dado mais recente. O serviço de esgotamento sanitário da Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), que em Salvador cobre 85% dos domicílios, não chega à residência de Maria, por conta de um detalhe técnico. “A casa é mais baixa que o nível da rede de esgoto”, conta ela. Por todo o território baiano, a principal prestadora de serviços de saneamento básico no Estado oferece hoje rede de esgotamento a apenas 72 dos 417 municípios da Bahia, atendendo a 3,9 milhões de pessoas, cerca de 27,8% da população total de 14 milhões de habitantes. Nas outras 345 cidades, e para outros 10,1 milhões de residentes baianos, ou não há o serviço de esgotamento, ou ele é realizado por instituições privadas ou por autarquias e empresas municipais, como o Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). A implicação é que nem sempre os municípios contam com o modelo ideal de esgotamento sanitário: com coleta, tratamento e destinação final. Fonte: A Tarde
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