Em pronunciamento hoje (22) de mais de dez minutos, o presidente da Líbia, Muammar Khadafi, reafirmou que vai permanecer no poder e que não pretende abrir mão do cargo. Segundo ele, as manifestações no país são geradas por “pequenos grupos” influenciados pelos Estados Unidos e pela Tunísia – onde os movimentos populares levaram à renúncia do então presidente Ben Ali. Usando o traje tradicional na cor cáqui, Khadafi sinalizou que vai resistir à pressão interna e externa.
“Não vou deixar o governo e ficarei até o fim”, repetiu Khadafi, em uma de uma ocasião durante o pronunciamento. “Nós vamos resistir”, avisou o presidente cujo pronunciamento foi transmitido pela rede estatal de televisão – a Libyan TV. O local escolhido foi um palácio aparentemente destruído – com paredes e teto descascando.
Alvo de protestos há uma semana e de críticas da comunidade internacional, Khadafi relembrou como chegou ao poder, em 1969, depois de um movimento que ele chamou de “revolução”, mas que é interpretado como golpe. Segundo ele, as manifestações registradas nos últimos dias em nada lembram o que ele viveu há 42 anos.
“O governo dispõe de arquivos e investigações sobre os líderes [das manifestações de protestos contra o governo]”, afirmou o presidente líbio. De acordo com ele, o “Ocidente mercenário” incita os jovens líbios a movimentos contra o governo. No entanto, Khadafi disse dispor de dados que comprovam o desenvolvimento da Líbia na agricultura e no comércio.
O pronunciamento de Khadafi foi intercalado com imagens de manifestantes favoráveis ao governo, nas ruas de Trípoli, segurando bandeiras da Líbia e mais a estátua de uma mão em tamanho gigante destruindo uma aeronave com o emblema dos Estados Unidos.
Foi a primeira vez que Khadafi fez um discurso à nação desde o início dos protestos, no último dia 15. Organizações não governamentais informam que a repressão às manifestações têm sido violenta e que já há pelo menos 233 mortos.
Khadafi apareceu, ontem (21) à noite, por cerca de um minuto, em imagem reproduzida pela rede de televisão estatal. Na imagem, ele surgiu vestindo um traje e um chapéu pretos, usando um guarda-chuva e com a porta do carro aberta. Ele apareceu na televisão para desmentir os rumores de que havia fugido da Líbia para a Venezuela. (Agência Brasil)
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